Até a metade do mês de outubro, o Ministério da Saúde indicou que o país registrava 1,3 milhão de casos prováveis de dengue. Comparado ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 184,6%.
Condições ambientais favoráveis, o acúmulo de água parada, altas temperaturas, moradias inadequadas, um grande número de pessoas suscetíveis à doença e a mudança de circulação do sorotipo circulante são alguns fatores que podem ter contribuído para o aumento de casos em 2022, de acordo com o órgão.
Nesse cenário epidemiológico, Brasília tem sido considerada uma das cidades que mais possuem casos registrados. Neste ano, mais de 66 mil pessoas foram infectadas, segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). A doença, antes considerada sazonal, passou a afetar a saúde pública o ano todo.
No DF, o período chuvoso estava previsto para iniciar a partir do dia 20 de outubro e, por essa razão, há uma preocupação redobrada para eliminar focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Fernando Erick Damasceno, coordenador de Atenção Primária à Saúde, explica que a dengue é um problema crônico que Brasília enfrenta há mais de 20 anos em períodos cíclicos. “Esses ciclos são muito relacionados às chuvas e, por isso, faz com que os números de casos tenham picos expressivos”, contextualiza.
Dessa forma, para mitigar o surgimento de novos casos, a Secretaria de Saúde do DF intensificou atividades educativas, vistorias dos agentes de vigilância em saúde e pulverização de inseticida nas regiões administrativas.
Conforme indicado pela SES/DF, entre as ações realizadas para fortalecer o combate à dengue, estão a aquisição de 4,5 toneladas de inseticidas, fortalecimento de estoques e insumos para prevenção e cuidados com pacientes com dengue, capacitação de profissionais, manutenção de máquinas e ações de inspeções em todas as 33 regiões administrativas do DF.
Entretanto, é necessário que a população faça a sua parte em conjunto com as medidas adotadas pelo governo para que a transmissão seja reduzida de forma considerável.
A melhor forma de prevenção é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos.
Verificar se a caixa d’água está bem tampada, avaliar se as lixeiras estão cobertas corretamente, limpar calhas e tampar os ralos também são medidas que devem ser realizadas semanalmente nas residências para auxiliar no combate ao mosquito.
A população também pode realizar denúncias, por meio do número 160, caso avaliem a existência de casas e terrenos abandonados, que servem como criadouro para o Aedes aegypti.
O coordenador de Atenção Primária à Saúde, Fernando Erick, informa que, atualmente, há um esforço significativo para o enfrentamento da dengue nesses períodos em que há uma incidência desproporcional de novos casos.
“Nós qualificamos os protocolos com treinamentos dos servidores e alinhamos também à quinta edição do diagnóstico do tratamento da criança e do adulto, do Ministério da Saúde, que traz a classificação ABCD de condução baseada na classificação de risco. Isso exigiu um treinamento das equipes e dos gestores”, explica.
O guia "Dengue: diagnóstico e manejo clínico adulto e criança", citado por Damasceno, é um material atualizado pelo Ministério da Saúde para auxiliar os profissionais de saúde no atendimento adequado dos pacientes com dengue, com intuito de diminuir a letalidade da doença no país.
O coordenador ressalta que o DF se tornou a região que mais atuou no credenciamento de equipes em prol do combate à dengue, com 132 novas contratações de força de trabalho. “A melhor forma de combater a dengue é expandindo os serviços públicos”, comenta.
Sinais de alerta
De acordo com a SES/DF, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. Os sintomas mais comuns para a infecção envolvem febre alta, acima de 38ºC, de início abrupto e que geralmente dura de 2 a 7 dias; dor no corpo, nas articulações e nos olhos; fraqueza e mal estar; falta de apetite; e manchas vermelhas na pele.
Caso haja suspeita da doença, é possível buscar o atendimento nas 176 unidades básicas de saúde (UBS) do Distrito Federal. “As unidades do atendimento primário têm médicos e enfermeiros aptos à avaliação desses sintomas e melhor orientação no caso de comprovação da doença, além de contar com testes rápidos (NS1) e encaminhamentos de exames clínicos quando necessários”, informa a médica referência técnica distrital de Medicina da Família, Camila Monteiro Damasceno.
Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti