Brasília era apenas uma jovem cidade quando houve um marco em sua história. Apenas uma década após a badalada inauguração, a capital federal recebeu a iniciativa que, nos anos seguintes, mudaria para melhor o panorama econômico da mais nova cidade do país. Em 28 de dezembro de 1970 era fundada a Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo, a Fecomércio. Agora, mais de cinquenta anos mais tarde e nas comemorações do 62º aniversário de Brasília, falamos de Sistema Fecomércio, que ainda engloba, além dos princípios originais de sua sigla, um Instituto e os braços sociais do Sistema S do Comércio, o Sistema Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Com trajetória que se confunde à da própria capital federal, o Sistema Fecomércio faz cada vez mais parte da identidade de Brasília. Mas como a Federação do Comércio funciona na prática? "Em nossa base temos 28 sindicatos, diversos setores para todos os tipos de ramos de atividades. Parte do trabalho é ajudar a sanar as dificuldades tributárias, as questões documentais, de arrecadação. Tudo isso, além de oferecer suporte para esses grupos. Em termos econômicos, atualmente, descontados os números do serviço público, nossa concentração é de 50,3% do produto interno bruto do Distrito Federal, ou seja, mais da metade desse índice”, explica José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio).
Por falar em movimentação da economia, dentro dessa grande estrutura pode-se destacar ainda o Instituto Fecomércio, criado em 1996, que tem a função de inserir o menor aprendiz, estagiários dos ensinos fundamental e médio, estes cumprindo carga horária na escola, no mercado de trabalho, por exemplo. Para se ter uma ideia, só em 2021, foram mais de 4.500 pessoas beneficiadas por essas iniciativas essenciais às empresas do DF.
No capítulo “história”, o Sistema Fecomércio oferece um panorama interessante sobre os últimos 52 anos, desde quando foi fundado, ainda próximo à inauguração da cidade, chegando ao século XXI, em especial ao presente, os anos 2020. "Temos aquela ideia de que aqui não possuímos grandes indústrias, mas Brasília tem os setores de comércio, bens e serviços muito fortes. Desde o começo. Basta lembrar dos mascates, nossos primeiros representantes comerciais. Pela localização geográfica, estamos perto de vários estados do nosso território e agora, com o hub que é nosso aeroporto internacional, o grande legado da Copa, atingimos uma condição ainda melhor, com voos diretos a quase todas as capitais do Brasil e do mundo. No turismo, Brasília, uma cidade pioneira, está entre as quatro melhores rotas do país", avalia José Aparecido Freire.
Desde o início, não há como desassociar o Sistema Fecomércio de dois importantes integrantes, os chamados braços sociais do Sistema S do Comércio: o Sistema Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Criados nacionalmente na década de 1940, as iniciativas chegaram ao DF, com departamentos regionais, duas décadas mais tarde, em 1966 e 1967 respectivamente, e, com o tempo, trouxeram grandes iniciativas à capital.
O primeiro tomou parte da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal ainda na fundação de 1970. “O Sesc se tornou fundamental no dia a dia da sociedade. E essa atuação se fortaleceu e se expandiu por meio das parcerias com o Governo do Distrito Federal. E nesse caso, a intermediação da Fecomércio foi estratégica. Está aí mais um benefício que colhemos com essa união. O resultado disso foi levar para a população mais carente serviços importantes no combate às desigualdades sociais”, diz Valcides de Araújo Silva, diretor regional do Sesc-DF.
Com 336 mil credenciados no Distrito Federal, em 11 unidades operacionais, incluindo o clássico prédio na 504 Sul, o Sesc elabora e aplica ações culturais, de saúde, esporte, lazer, turismo, educação, assistência e alimentação, dentre ações gratuitas ou com preços acessíveis à população, sempre andando lado a lado com as melhorias da capital. “Por meio dos nossos restaurantes, garantimos a refeição de muitos trabalhadores no início da cidade. A nossa veia cultural não pode ser esquecida ao falarmos de história. O consagrado Teatro Sesc Garagem, na 913 Sul, foi palco de artistas consagrados em seus primeiros passos rumo ao estrelato. Renato Russo, Cássia Eller, Raimundos, Paulo José, Hugo Rodas e muitos outros se apresentaram e fizeram oficinas no Sesc. Isso confirma a importância desse celeiro cultural para a formação de grandes artistas”, relembra Silva.
Caminho de sucesso também é o do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac. Com grande foco em educação, empreendimento e no social, o Senac busca, dentre outros objetivos, a formação de profissionais, transformando assim a vida dos brasilienses com seus cursos. Desde a implementação em Brasília, foram mais de 1,5 milhão de matrículas.
Um ótimo exemplo de como essas iniciativas são positivas: Karine Câmara começou sua carreira com um curso de secretariado pelo Sistema. Hoje, é diretora regional do Senac-DF. “Onde eu vou, as pessoas sempre têm uma referência de cursos do Senac, dos mais altos escalões a várias outras profissões”, conta. Karine, que destaca dentre o vasto portfólio deles os cursos de gastronomia e beleza, grandes tendências atuais, compartilha um pouco da visão do futuro. “Brasília sempre se transforma. Com a pandemia nós vimos isso. Profissionais que atuavam em algumas modalidades fizeram cursos do Senac. Percebemos um grande crescimento na área de tecnologia, tudo teve que se modernizar, então, houve essa mudança”, explica a diretora regional.
Reverenciando o passado, mas sem deixar de lado o presente e o futuro, o Sesc conta com previsões positivas para 2022 em diante. “Na área de saúde, destaco a parceria com a Universidade de Brasília (UnB), que vai oferecer consultas odontológicas a preços mais acessíveis. O ônibus Sesc + Saúde é novidade, sendo mais uma importante unidade móvel médica. Gostaria de enaltecer o novo projeto Sesc + Cultura que cede nossos teatros de forma gratuita para apresentações artísticas. Para finalizar, não poderia deixar de falar da volta presencial do maior festival de palhaçaria da América Latina, o Sesc Festclown. Tem muita coisa boa vindo aí”, comenta o diretor regional do Sesc-DF, Valcidesde Araújo Silva. Para Karine Câmara, do Senac, é tempo de aprendizado, rever as áreas de atuação, perceber as necessidades atuais do mercado de trabalho, e continuar investindo nas áreas de tecnologia, saúde, moda e gastronomia, tanto nos cursos profissionalizantes quanto na faculdade de inovação e tecnologia.
José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF antecipa novidades. “Pretendemos ampliar para a parte norte da cidade, que foi muito esquecida. Temos cerca de 430 mil moradores, a BR-020, 100 mil veículos circulando, então vamos ter um olhar mais prioritário para lá. O Sistema Fecomércio busca continuar prestando bons serviços e continuar defendendo o setor produtivo do Distrito Federal. Também fico feliz de, após dois anos afastados, com o arrefecimento da pandemia, termos uma comemoração do aniversário de Brasília", conclui Freire.
Matéria escrita pelo jornalista Arthur Herdy