Futebol

O sarau musical dos técnicos de futebol

A semana foi marcada por manifestações culturais de técnicos pressionados. Letras de canções de Roberto Carlos e Belchior extravasaram sentimentos em um sarau musical nas coletivas da Libertadores

De Roberto Carlos a Belchior: treinadores revelaram o gosto musical nas entrevistas pós-jogo na primeira semana da Libertadores -  (crédito: Caio Gomez)
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De Roberto Carlos a Belchior: treinadores revelaram o gosto musical nas entrevistas pós-jogo na primeira semana da Libertadores - (crédito: Caio Gomez)

Quem canta seus males espanta no futebol. A semana foi marcada por manifestações culturais de técnicos pressionados. Letras de canções de Roberto Carlos e Belchior extravasaram sentimentos em um sarau musical nas entrevistas pós-jogo. Abel Ferreira e Rogério Ceni incorporaram composições aos discursos.

Abel Ferreira vive o pior momento no Palmeiras. Compreensível. O alviverde estreou na Libertadores na vitória por 3 x 2 contra o Sporting Cristal, em Lima, no Peru, com apenas três jogadores campeões do torneio continental em 2020 e/ou 2021: o goleiro Weverton, o lateral Piquerez e o zagueiro Gustavo Gómez. Um sinal claríssimo do longo processo de reconstrução do time.

O português perdeu o Paulistão para o Corinthians e tem pela frente o Brasileirão, a Copa do Brasil, a Libertadores e o Mundial de Clubes para alimentar com títulos uma torcida insaciável. O Palmeiras não jogou bem. Abel sabe disso e desviou o foco. O lusitano é súdito do rei Roberto Carlos e citou trecho de Emoções para amenizar a desafinação da equipe. “Futebol é isso. Se ganhei ou perdi, 100 emoções eu vivi”, disparou depois de encerrar a abstinência de três partidas sem fazer gol em jogos contra Corinthians e Botafogo.

Rogério Ceni precisa fazer funcionar o Bahia, time do Grupo City. O tricolor tem metas ambiciosas. Ir além da fase de grupos é uma delas. O investimento dos xeques dos Emirados Árabes Unidos devolveu o time ao torneio após 35 anos e quase levou a equipe à vitória contra o Internacional na estreia.

O técnico do Bahia usou a canção Como nossos pais, de Belchior. para lamentar o empate por 1 x 1: “Como diz a música: ‘Por isso, cuidado, meu bem, há perigo na esquina’. Então, às vezes, você tem que tomar cuidado. A esquina veio e, assim como Belchior, hoje não conseguimos segurar o resultado”, refletiu o guitarrista e roqueiro assumido.

Ceni gosta de jogar por música. Colocou a canção Highway to hell, da banda australiana AC/DC, para tocar em uma atividade do Bahia na academia. Quando atuava, marcou um encontro com Roger Waters, fundador do Pink Floyd.

Campeão da Libertadores e do Mundial pelo Inter em 2006, e da Série A com o Fluminense em 2012, Abel Braga toca piano inspirado em Ivan Lins. Ama MPB. Roger Machado tem influência do pai. Gilberto Marques era contrabaixista de jazz. “Eu vejo uma ligação muito próxima entre música e futebol. Para mim, um solo de contrabaixo é tão bonito quanto uma bela jogada finalizada com gol por um jogador habilidoso”.

Em 2019, Filipe Luís se apresentou ao Flamengo com uma camisa do Iron Maiden. Roqueiro, toca violão, guitarra, cresceu ao som de Engenheiros do Hawaii, curte U2, The Strokes, Cold Play, Red Hot Chili Peppers. Música pauleira antes dos jogos é ritual. Comandante do Flamengo na conquista da Copa do Brasil em 2006, Ney Franco é compositor. Ele viralizou a música Na beira do caos.

MP
postado em 05/04/2025 06:03