
Ronaldo Caiado — governador do estado de Goiás, médico, foi senador da República e deputado federal
Goiás se destacou como o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) estadual em 2023, e, cada vez mais, tenho sido questionado sobre os pilares que sustentam esse sucesso. Escolho, então, começar dizendo que não tem segredo: os resultados são fruto de muito trabalho, compromisso e da decisão de colocar a educação em primeiro lugar. É essa visão que sustenta nosso progresso e que nos permite sonhar com um futuro ainda mais promissor para nossos jovens.
Os dados do Ideb também evidenciaram que o modelo de educação integral tem sido um dos nossos maiores aliados: os Centros de Ensino em Período Integral (CEPI) alcançaram uma média de 5,0 no Ideb, destacando-se como uma das redes estaduais mais bem-sucedidas do país. Esse modelo tem elevado o desempenho acadêmico, ao mesmo tempo em que transforma a vida dos estudantes de forma integral.
Recentemente, voltei de uma missão internacional na Índia e devo dizer que, sempre que comparo a educação nacional com outros lugares do mundo, dois pontos me chamam a atenção: o enorme valor que é dado à educação e o tempo que os estudantes passam na escola. Esses dois fatores são indissociáveis e precisam ser tratados com a mesma prioridade.
No que diz respeito à valorização da educação, acredito que precisamos retomá-la em várias frentes. Em ações sistêmicas, como o aumento do investimento público, e em iniciativas simbólicas, mas cheias de significado, que demonstrem à população que a educação é o caminho para o progresso. Por isso, fiz questão de premiar os estudantes da rede pública e seus professores que se destacaram na redação do Enem. Essas ações não podem ser isoladas; é necessário engajar continuamente jovens e educadores, mostrando que a educação é a base para todas as conquistas.
O segundo ponto é o tempo na escola. Em países como Austrália e Dinamarca, os estudantes chegam a ter 50% a mais de tempo de aula do que no Brasil. Isso significa que o que chamamos de ensino em tempo integral aqui é uma escola comum em países mais ricos. É por isso que tem crescido o investimento em educação integral em Goiás, com 263 escolas já implementadas. No entanto, não basta apenas aumentar o tempo em sala de aula; é preciso que esse tempo seja significativo e utilizado para que o estudante se sinta parte da escola. Por isso, oferecemos acesso a disciplinas eletivas pensadas de acordo com os projetos de vida desses jovens. Esse tempo adicional também possibilita um acompanhamento mais próximo por parte dos professores, fortalecendo o vínculo e a qualidade da aprendizagem.
Os impactos vão além do desempenho acadêmico. Estudos realizados pela USP indicam que a implantação de escolas integrais está associada à redução de internações por transtornos de comportamento. Outro estudo da mesma universidade revelou que, nos municípios do Centro-Oeste com maior volume de escolas integrais, houve uma redução de mais de 7% nos dias de internação por anemia, desnutrição e suas sequelas entre jovens de 15 a 17 anos. Essa melhoria está diretamente ligada à alimentação escolar oferecida nas escolas de tempo integral, que garantem refeições balanceadas e nutritivas, como café da manhã, almoço e lanche, contribuindo para a saúde e o desenvolvimento dos estudantes.
Esses dados mostram que a educação integral é também uma ferramenta poderosa para promover saúde e bem-estar, reforçando o vínculo dos jovens com o ambiente escolar e impactando positivamente sua qualidade de vida. Experiências em outros estados, como Pernambuco e São Paulo, mostram que a modalidade também contribui para a redução da violência e para o aumento do acesso ao mercado de trabalho com melhores remunerações — aspectos fundamentais para garantir um futuro digno aos jovens. Em Goiás, estamos colhendo os frutos desse investimento, mas sabemos que ainda há muito a ser feito.
É claro que há desafios para que a educação integral alcance a todos. Por isso, estamos atuando para garantir que os estudantes possam escolher onde querem estudar e que tenham as condições para permanecer na escola. Nosso programa Bolsa Escola assegura apoio financeiro a estudantes de baixa renda, uma lógica que também inspirou o programa federal Pé-de-Meia. Essas iniciativas são essenciais para que nenhum jovem fique para trás.
Resultados educacionais não surgem no curto prazo; são fruto de investimento contínuo e sistêmico, de um reforço constante na crença de que a educação transforma vidas. Em Goiás, seguimos trabalhando com essas diretrizes, comprometidos em garantir que cada jovem tenha acesso a uma educação de qualidade e ao pleno desenvolvimento de seu potencial.
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