
Em um mundo que sinaliza para a individualidade, com tecnologia capaz de, cada vez mais, possibilitar às pessoas a realização de tarefas e a solução de problemas sozinhas, alternativas para recuperar o convívio social inspiram estudos. A internet e as redes sociais, feitas para unir, têm produzido afastamento. Nos negócios, campo que também enfrenta essa conjuntura, o cooperativismo é uma ferramenta com potencial para impulsionar relacionamentos e gerar ganhos coletivos.
Baseado no conceito do trabalho em conjunto, com a participação efetiva dos integrantes, as cooperativas podem proporcionar efeitos duradouros em diversas esferas. Atenta a isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2025 o Ano Internacional das Cooperativas (AIC2025). A iniciativa, segundo o organismo intergovernamental, reconhece o papel do movimento. O tema, inclusive, fará parte das mesas de debates da 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em Belém (PA), em novembro.
Em contexto mundial, o país pode aproveitar para oferecer sua contribuição com a apresentação de modelos de sucesso, além de promover, como anfitrião, a transferência de conhecimentos. Internamente, é uma oportunidade para discutir as ações de cooperação que vêm sendo desenvolvidas nacionalmente — e a largada não pode esperar.
Pelo Brasil, gestores e representantes cooperativistas — em níveis local e regional — precisam aumentar o foco sobre decisões que apontem caminhos para as questões globais, como os impasses socioeconômicos, os problemas ambientais e a garantia do trabalho digno. Em um país com tantas desigualdades, ampliar o impacto do cooperativismo pode significar o cumprimento de direitos e a melhoria da qualidade de vida para muita gente.
Muitos conceitos do modelo cabem perfeitamente como soluções para desafios de ordens variadas. Inseridas nas comunidades, as cooperativas têm condições de conhecer as necessidades da população ao seu redor. Esse diferencial deve ser aproveitado pelos poderes Executivo e Legislativo. A capacidade de fomentar renda e desenvolvimento de forma sustentável é uma experiência do cooperativismo que precisa ser copiada em maior escala. Sistemas agroflorestais, por exemplo, têm sido desenvolvidos com eficiência, mantendo a produtividade e conservando a biodiversidade.
Neste ano, que é um marco significativo para o segmento, o Brasil tem a oportunidade de fortalecer o empreendedorismo coletivo – especialmente como forma de mitigação das mudanças climáticas já estabelecidas. Durante a COP30, o cooperativismo pode acentuar suas contribuições em áreas como finanças sustentáveis, mercado de carbono, transição energética e economia circular.
Portanto, aumentar o engajamento dos brasileiros com o propósito cooperativista é uma das tarefas do movimento em 2025. Esse trabalho cabe, sobretudo, às lideranças do setor, mas também aos demais atores envolvidos. Para isso, compromissos firmes que façam do cooperativismo uma referência de entregas para a sociedade precisam ser firmados.