Esporte

Lá onde a Coruja dorme

Além de receber dois PIX da CBF pelas classificações na primeira e na segunda fases, o Capital terá direito a enfrentar time grande na Copa do Brasil. O Estádio JK pode ficar pequeno

 Estádio Juscelino Kubitscheck virou hábito de quem tem prazer de estar onde a Coruja (mascote) dorme -  (crédito: Uéslei Costa/CapitalSAF)
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Estádio Juscelino Kubitscheck virou hábito de quem tem prazer de estar onde a Coruja (mascote) dorme - (crédito: Uéslei Costa/CapitalSAF)

É preciso olhar para o sucesso do Capital no vice-campeonato candango do ano passado e na classificação para a terceira fase da Copa do Brasil com a visão do que o clube está fazendo em uma região do Distrito Federal até pouco tempo esquecida pelo futebol.

Houve, e ainda há, uma tentativa de desenvolver a modalidade no Paranoá com um time homônimo da região administrativa de 48 mil habitantes: o Paranoá Esporte Clube. O time foi quinto colocado na primeira fase do campeonato doméstico neste ano. Disputou a última vaga para a semifinal com o Gama até a última rodada. No entanto, existe um projeto ainda mais agressivo

O Capital Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi cirúrgica ao escolher o Paranoá como cantinho no Quadrado. O futebol pulsa no Gama, em Ceilândia, Taguatinga, no Guará (até o desaparecimento do Lobo), nos vizinhos da saída norte Sobradinho e Planaltina, mas faltava um investimento pesado, especificamente, no Paranoá.

O Capital está conseguindo. As vitórias contra Portuguesa-RJ e Porto Velho na Copa do Brasil deram vida ao Estádio Juscelino Kubitscheck. A arena virou hábito de quem tem prazer de estar onde a Coruja (mascote) dorme. O clube ostenta a segunda melhor média de público do Candangão: 999 pagantes. Fica atrás apenas do popular Gama (4.008). As duas partidas pela Copa do Brasil arrastaram mais de 8 mil pagantes ao JK em noite de dia de semana.

O time de Marcelo Cabo entrou em campo contra o Porto Velho com uma formação inicial cara para os padrões locais. O valor de mercado da escalação inicial é estimada em 1,1 milhão de euros, aproximadamente R$ 6,93 milhões.

Além de bala na agulha para investir, há uma montagem equilibrada do time no que diz respeito à faixa etária. A média de idade do time contra o Porto Velho foi de 31,4 anos. De bom tamanho para a missão maior na temporada: a disputada da Série D. Apenas dois dos 11 titulares têm mais de 35 anos

Há dois laterais jovens em uma posição na qual a demanda é por jogadores capazes de cobrir a maior parte de campo possível no apoio e na recomposição, e um meia de 23 anos entre os trintões responsáveis pela criação. Rikelmi é um dos responsáveis por deixar o experiente Wallace Pernambucano, de 38 anos, na cara do gol.

Fora do campo, as ações de marketing estimulam laços com o Capital. Há uma loja física do clube. Promoções para comprar ingresso e ganhar camisa oficial do time. Relações humanas na era digital. 

O Capital é um dos nove estreantes na Copa do Brasil 2025. Além de receber dois PIX da CBF pelas classificações na primeira e na segunda fases, terá direito a enfrentar time grande. O Estádio JK pode ficar pequeno. Mais exposição, dinheiro no cofre e outra oportunidade de exibir o projeto na vitrine. Melhor do quem um, são dois times fortes. Que o Paranoá surfe na onda do vizinho do Lago, Capital, e cresça também nas próximas temporadas.


 

Marcos Paulo Lima
MP
postado em 15/03/2025 06:00