Opinião

Carta ao bom senso

Prezados Donald Trump, Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky e Emmanuel Macron. Como dizem as avós: "Tomem tenência!"

Volodymyr Zelensky e Donald Trump em encontro na Casa Branca -  (crédito: SAUL LOEB / AFP)
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Volodymyr Zelensky e Donald Trump em encontro na Casa Branca - (crédito: SAUL LOEB / AFP)

Prezados Donald Trump, Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky e Emmanuel Macron. Como dizem as avós: "Tomem tenência!". A forma como os senhores conduziam o conflito na Ucrânia levaria o mundo à beira de uma guerra mundial. É surreal que, em pleno século 21, se menospreze e pise a soberania de um país em busca de anseios imperialistas.

Presidente Putin, quantos soldados russos perderam a vida, quantas mães choram a saudade eterna de seus filhos, quantas crianças ficaram órfãs do amor e da presença do pai? Por que não percebe que a aventura bélica na Ucrânia somente trará dor e sofrimento, além de brincar com a sorte da segurança do planeta? Por que não retira suas tropas definitivamente, admite que cometeu um erro e pede desculpas ao seu povo? O senhor imaginava que a guerra acabaria em 72 horas. Já se passaram 747 dias. Pouco antes de eu escrever este artigo, sua capital foi bombardeada com drones. Vale a pena impor o terror à população?

Eu tinha terminado este texto quando chegou a notícia de que o presidente ucraniano aceitou o cessar-fogo imediato de 30 dias. Presidentes Zelensky e Putin, espero que honrem essa trégua. É o primeiro passo para a paz definitiva. A partir de agora, que tal se engajarem em um diálogo construtivo?

Talvez seja necessário que tanto a Ucrânia quanto a Rússia façam concessões dolorosas. Mas há algo mais doloroso do que a guerra? Nesse diálogo, presidente Zelensky, exija o retorno das crianças sequestradas pelas forças russas para serem submetidas a um processo de aculturação. Isso é mais uma grave violação dos direitos humanos e um crime contra a infância.

Presidente Trump, coerência deveria ser marca registrada dos grandes líderes. Ao enxovalhar Zelensky, expulsá-lo da Casa Branca e aliar-se a Putin, o senhor acenou que estaria do lado do agressor. Sim, porque a guerra na Ucrânia começou com a invasão russa. Zelensky estava em Washington como chefe de Estado, não como comediante ou moleque pedindo favores à maior potência do mundo.

Na condição de presidente dos EUA, o senhor tem a missão de tentar pacificar conflitos, em vez de colocar lenha na fogueira. Também não ajudam declarações confusas sobre o conflito. Ao menos se redimiu ao propor um plano aceito por Kiev. É hora de assumir a posição de líder e convencer Putin a aceitar a trégua.

Caro Macron, a proposta de disponibilizar o guarda-chuvas nuclear para outros países da Europa é surreal e perigosa. Trata a proliferação atômica como algo aceitável e normaliza a ameaça de uso de armas de destruição em massa. Em tese, mais atrapalha do que auxilia em uma solução para a guerra da Ucrânia. Que os grandes líderes do planeta tenham bom senso e consciência do dever de semear a paz.

 

Rodrigo Craveiro
postado em 12/03/2025 06:00