OPINIÃO

Como deixar de ser um hater?

"Sensação de puxar uma briga ou escrever algo controverso nas redes sociais pode até gerar alguma endorfina, mas o resultado não passará de decepção"

Alguns comentários são difíceis de evitar, mas vale a tentativa -  (crédito: Imagem por Freepik)
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Alguns comentários são difíceis de evitar, mas vale a tentativa - (crédito: Imagem por Freepik)

A palavra "hater" não é nenhuma novidade. Advinda do cotidiano da internet e das redes sociais, o termo se refere a uma pessoa que tem como hobby odiar algo — ou alguém — sem uma razão muito clara. O papel de hater, parei para pensar, é, frequentemente, jogado para outra pessoa. Contudo, já percebeu que, de certa forma, todos somos haters em algum nível? Não precisa admitir. Visto a culpa sozinho: cada vez mais me identifico como um hater. 

Tudo começou no mundo on-line. Certos posts que me fazem revirar os olhos. A vergonha alheia de determinados "conteúdos". Até aí tudo bem. Um ódio bem guardado não faz tanto mal. O problema começa quando além de guardar os sentimentos, passei a expressá-los. Vou sedento para as caixas de comentários destilar todo um ódio que sei lá de onde vem. Acho que virei um hater.

De certa forma até defendo meu hate. Nunca foi jogado ao léu, pelo contrário: sempre foi um hate consciente, com embasamento. Alguns contextos quase pediram por um hate. Para ser honesto, acho que certos conteúdos só conseguem engajamento baseados no ódio e na repercussão negativa, então, vejo-me quase prestando um favor ao ser um hater.

Brincadeiras à parte, propagar hate pelas redes sociais — ou na vida em geral — não é divertido. 

A sensação de puxar uma briga ou escrever algo controverso pode até gerar alguma endorfina, mas o resultado não passará de decepção. Ser um hater nas redes não vale a pena.

O que importa agora é tentar mudar esse panorama de convivência, ou seja, como deixar de ser um hater? Óbvio que não existe uma receita simples, mas alguns passos estão me ajudando na saga de alcançar alguma paz e paciência social.

Primeiro: saber o que irrita. Perceba aquilo que desperta o seu maior instinto hater. Para este que vos escreve, a resposta é fácil: influencers de beleza e lifestyle. O estilo aesthetic, os filtros marrons, os vocativos "galerinha" ou "família". Um perfeito gatilho de puro ódio.

Segundo: saiba evitar o que irrita. Pode até parecer óbvio, mas esse passo é realmente desafiador. Tudo culpa dos algoritmos. A matemática por trás é difícil, mas a regra é simples: quanto mais você interagir com um conteúdo, mais o algoritmo vai empurrá-lo no feed. Ele só não conta que, eventualmente, essa interação nasce de um profundo hate. Então, lembre-se: se não quer odiar, ignore. Use o botão "silenciar" para evitar certos termos. Tudo ajuda. 

Terceiro: saiba lidar com o hate. Não adianta fingir que o sentimento não existe. Aceite-o e saiba que é, até certo ponto, normal sentir. A pior forma de lidar com os ódios que o mundo nos causa é tentar enterrar, esconder. Só manera na forma de expressar.

Ser um hater não deve ser um orgulho. Por mais que, às vezes, pareça que o mundo te força a ser um hater, resista.

 

Ronayre Nunes
postado em 10/03/2025 06:00