VIOLÊNCIA

Análise: violência assombra Brasília às vésperas do carnaval

Em que pese a redução do número de homicídios, latrocínio, roubos a coletivos no ano passado, conforme o balanço mais recente da Secretaria de Segurança Pública, o medo persiste

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"É fundamental o policiamento e a segurança nos locais de grande concentração de pessoas, como blocos de rua e eventos carnavalescos" - (crédito: PEDRO SANTANA / CB)

Em um intervalo de uma semana, três crimes de forte comoção popular e com grande repercussão nas redes sociais tornaram ainda mais evidente a preocupante sensação de insegurança existente entre os moradores da capital federal. Em comum, os casos chocam pela violência extrema contra mulheres e a certeza de que não existe hora nem local para ocorrerem.

Na quarta da semana passada, uma idosa de 78 anos foi brutalmente espancada em uma faixa de pedestres da 203 Norte no fim de tarde. Dias depois, à noite, na 210 Norte, uma jovem de 24 anos sofreu uma tentativa de estupro ao sair de um bar. Por fim, anteontem, o assassinato de uma motorista de aplicativo na hora do almoço, na rua mais movimentada do Cruzeiro Velho, a menos de 200m da delegacia, escancara o risco da categoria diante da face mais cruel da violência urbana.

Em que pese a redução do número de homicídios, latrocínio, roubos a coletivos no ano passado, conforme o balanço mais recente da Secretaria de Segurança Pública, o medo persiste.

Vou usar como exemplo o comentário da internauta Caroline Barbosa (@carol_barbosar), em uma postagem no Instagram do Correio: "Virou terra de ninguém. No fim da Asa Norte, vemos casas sendo invadidas e condomínios, também. Pessoas sendo atacadas e assaltadas à luz do dia. Eu usava muito a ciclovia para correr e pedalar cedinho, mas infelizmente eu me sinto vulnerável. É muito triste você precisar deixar de fazer algo por medo da violência".

Um dos pontos a ressaltar é que a insegurança não é um sentimento abstrato, mas uma realidade palpável. Ao comentário da Caroline, gostaria de acrescentar que há diversos pontos em que a iluminação pública deixa a desejar. O local onde a idosa de 78 anos foi atacada, na 203 Norte, é um deles. A menos de 20m, existia um bar com grande movimento. Desde que o boteco fechou, no fim do ano passado, sem as luzes do estabelecimento, as luminárias da rua mostram-se insuficientes para a escuridão proporcionada pelas árvores. Dá, sim, medo de caminhar ali à noite.

Ao Podcast do Correio, o distrital Fábio Félix (PSol) abordou a questão da insegurança na Asa Norte. Analisou a complexidade do problema e destacou a necessidade de abordagens sociais voltadas especificamente para a população de rua, e não apenas as repressivas. Vale ouvi-lo. Mas, em suma, são necessárias políticas públicas de saúde mental, habitação e inclusão social para atender às diferentes necessidades da população vulnerável da região.

De hoje até a quarta-feira de cinzas, vai aumentar consideravelmente o fluxo de pedestres nas ruas. O carnaval é sinônimo de alegria, não de apreensão. É fundamental o policiamento nos locais de grande concentração de pessoas, como blocos e eventos carnavalescos. Desejamos uma festa segura.

 

Roberto Fonseca
postado em 28/02/2025 06:00