
» Renato Casagrande, Presidente do Instituto Casagrande, pesquisador, palestrante e escritor
A educação brasileira tem passado por transformações profundas, e 2025, marcado por mudanças substanciais e desafios acumulados, traz consigo a adoção da Inteligência Artificial, a restrição do uso de celulares nas escolas, contrapondo-se à introdução de novas tecnologias, urgência na humanização do ambiente escolar e cuidado com a saúde mental de estudantes e professores. Além disso, a implementação do Novo Ensino Médio e a constante busca pela excelência da aprendizagem dos estudantes, leva as escolas a uma necessidade premente: a de se prepararem robustamente para garantirem qualidade, segurança e inovação nos processos de ensino e aprendizagem. Os principais desafios a serem enfrentados pelas escolas em 2025 apresentam caminhos concretos para serem vencidos, conforme apresentaremos a seguir:
A implementação do novo ensino médio sancionada em 2024, a reforma do ensino médio precisa ser implementada e consolidada de forma eficaz. Muitas escolas, porém, encontram dificuldades, como a oferta desigual de itinerários formativos, a falta de infraestrutura e a desconexão com o ENEM e com a Educação Superior. Sem investimentos adequados e uma comunicação eficiente entre escolas, Ministério da Educação e universidades, há o risco de essa reforma se tornar um desafio, mais do que uma solução para o aprimoramento educacional.
Novas tecnologias na educação versus restrição do uso de celulares: a proibição do uso indiscriminado de celulares nas escolas foi um avanço significativo para melhorar a concentração dos estudantes e a disciplina em sala de aula. Contudo, é essencial que as tecnologias sejam vistas como ferramentas, não como obstáculos, pois quando utilizadas estrategicamente, tornam-se uma poderosa aliada. Para tal, é necessário haver preparação dos alunos, com diretrizes claras para o uso como recurso pedagógico, e oferecer, aos professores, formação continuada em novas tecnologias, pois muitos ainda não dominam as plataformas digitais. Também é essencial melhorar a infraestrutura tecnológica das escolas e garantir que todas tenhamos equipamentos adequados e acesso à internet de qualidade.
Inteligência artificial (IA) já está transformando o ensino e exigindo que as escolas se adaptem rapidamente. Essa mudança, contudo, traz questões sobre o uso ético da IA pelos estudantes, e a prevenção de cópias automáticas de trabalhos e a dependência excessiva dessa tecnologia. Entre os desafios e oportunidades, estão a capacitação dos docentes para incorporarem a IA ao processo educativo de maneira eficaz, o desenvolvimento de políticas escolares que orientem sobre o seu uso responsável, e o desenvolvimento de formas de explorar novas metodologias de ensino que enriqueçam a aprendizagem e estimulem o pensamento crítico, integrando a IA nas práticas pedagógicas de forma ética e eficaz, com ampliação das oportunidades educativas.
Humanização da escola: a valorização integral de cada estudante coloca cada estudante no centro do processo educativo, reconhecendo-o como um ser biopsicossocial, com necessidades emocionais, sociais e cognitivas. Essa filosofia educacional busca não apenas o desenvolvimento acadêmico, mas também o crescimento pessoal dos estudantes em todas as suas dimensões. A valorização das emoções, priorizando o desenvolvimento de relações positivas entre os membros da comunidade escolar, a promoção de ambiente acolhedor e de apoio mútuo, no qual cada aluno possa se sentir respeitado e seguro, favorecendo o bem-estar emocional e a aprendizagem, o reconhecimento das características únicas de cada estudante e a celebração de suas ideias e potenciais, o fomento da criatividade e a busca por soluções inovadoras, ferramentas para a resolução de problemas, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e de competências, fundamentais para o sucesso pessoal e profissional, o respeito à diversidade, que valoriza e integra diferentes identidades culturais, étnicas, sociais e de gênero por meio da inclusão na comunidade escolar, a promoção da autonomia e do protagonismo dos estudantes na sua aprendizagem e nas tomadas de decisões contribuem profundamente para a formação de cidadãos críticos, éticos e comprometidos com o bem-estar coletivo.
Inclusão e acessibilidade na educação: garantir o direito fundamental de todos à aprendizagem, o que independe das suas habilidades, ou condições socioeconômicas, faz-se com inclusão na educação. Em 2025, as escolas continuam a enfrentar o desafio de tornar o ambiente educativo mais acessível e inclusivo, para que cada aluno tenha oportunidades iguais de aprender e se desenvolver. Entre as principais necessidades para que haja inclusão escolar estão a necessidade de adaptar os currículos escolares para atenderem às necessidades individuais dos alunos com deficiências, transtornos, altas habilidades e superdotação, a formação de professores para que saibam como implementar práticas inclusivas e usar recursos pedagógicos que promovam a participação de todos os estudantes e, também, a implantação de infraestrutura acessível em todas as escolas, com recursos físicos e tecnológicos que apoiem o público-alvo da inclusão.
Saúde emocional e mental de estudantes e profissionais da educação: esse tema emerge, em 2025, como uma preocupação central da educação, refletindo a necessidade urgente de que, no ambiente escolar, muitas vezes com exigências estressantes, estudantes e profissionais da educação recebam apoio para a preservação da sua saúde emocional e mental. A capacitação de educadores para a identificação precoce de problemas emocionais e/ou mentais, e a criação de políticas e práticas que promovam o bem-estar de estudantes e professores contribuem para a qualidade de vida e a produtividade escolar.
A busca pela excelência na aprendizagem: esse deve ser um objetivo constante por parte das escolas, que precisam se comprometer com o desenvolvimento de práticas pedagógicas que promovam o engajamento dos estudantes e gerem resultados significativos de aprendizagem. Isso inclui o desenvolvimento de métodos de ensino inovadores, avaliação formativa e parcerias com os pais e outros responsáveis, com a comunidade local e com as instituições de educação superior, para o enriquecimento do currículo escolar e a ampliação das oportunidades de aprendizagem.
Esses desafios apresentados às escolas em 2025 exigem respostas inovadoras e eficazes que garantam a educação de qualidade, inclusiva e humanizada. A implementação do novo ensino médio, a integração das novas tecnologias, a valorização da diversidade, a promoção da saúde emocional e mental e a busca pela excelência acadêmica são, de fato, elementos indispensáveis para que o cenário educacional brasileiro possa ser transformado para melhor.