ARTIGO

Tempos e silêncio em Ainda estou aqui

O início e o final do filme mostram reuniões familiares que evidenciam as marcas do tempo em que se sustenta a narrativa do filme

 Filme. Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, recebeu sete indicações no Latino Entertainment Film Awards, premiação concedida pela Associação de Jornalistas Latinos de Entretenimento (LEJA). O filme é o único representante do Brasil na competição -  (crédito:  Sony Pictures                                                                                                                                                                                                                                                 )
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Filme. Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, recebeu sete indicações no Latino Entertainment Film Awards, premiação concedida pela Associação de Jornalistas Latinos de Entretenimento (LEJA). O filme é o único representante do Brasil na competição - (crédito: Sony Pictures )

Alberto Aggio*

Ainda estou aqui é um grande filme. Muito já se escreveu e se falou sobre ele por diversos ângulos e razões. E se vai continuar falando e escrevendo sobre ele por algum tempo. Seu lugar na cultura brasileira vai além da filmografia, da arte. Trata-se de um filme político, de ensinamentos e aberto à reflexão política. Pela amplitude de espectadores, ele é também um fenômeno político. Cativa por expressar o desejo de compreender o que se passou no Brasil nas últimas décadas do século 20 e o que esse período nos legou.

O filme, dirigido por Walter Salles, diz muito sobre o Brasil desse período, mas também sobre o Brasil dos dias que correm, por meio dos acontecimentos que marcaram a vida da família do ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado e assassinado pela ditadura no início da década de 1970, especialmente pela resistência da mulher, Eunice Paiva, a principal protagonista do filme, representada de maneira extraordinária por Fernanda Torres.

O início e o final do filme mostram reuniões familiares que evidenciam as marcas do tempo em que se sustenta a narrativa do filme. No início, a reunião familiar é repleta de alegrias de uma típica família de classe média alta do Rio de Janeiro no início da década de 1970. O ambiente é vivo e cheio de cores, num magnífico sobrado em frente à praia. No final do filme, a reunião familiar é de uma alegria contida, densa e preocupada com a saúde da matriarca da família.

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*Alberto Aggio é professor universitário e historiador

Alberto Aggio - Opinião
postado em 10/02/2025 11:09 / atualizado em 10/02/2025 11:16