Esporte

Foi e voltou sem sucessor

Gostemos ou não, Neymar continua sendo o único fora de série no carente futebol brasileiro, Resta-nos desfrutar por pelo menos seis meses do que ele faz melhor: jogar bola. É o que temos

O país não fabrica um novo Neymar há 12 anos. É tempo demais para quem chegou a ostentar Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e Adriano na Copa de 2006 -  (crédito:  AFP)
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O país não fabrica um novo Neymar há 12 anos. É tempo demais para quem chegou a ostentar Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e Adriano na Copa de 2006 - (crédito: AFP)

A volta de Neymar é puro êxtase para o Santos e momento de reflexão para o futebol do país. "Melhor do mundo" moral em 2015, atrás dos hors-concours Cristiano Ronaldo (2º) e Messi (1º) ao dividir a artilharia da Champions League com os dois (10 gols cada), ele embarcou rumo à Europa em 2013. Doze anos depois, não há outro talento igual ou superior a ele Made in Brazil. Vinicius Junior foi eleito número 1 pela Fifa em 2024, porém o astro do Real Madrid é menos talentoso do que o novo camisa 10 da Vila Belmiro.

O país não fabrica um novo Neymar há 12 anos. É tempo demais para quem chegou a ostentar Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e Adriano na Copa de 2006. Andamos em círculo. Ele foi e voltou do Velho Continente sendo o salvador da pátria. A Seleção reza para que o camisa 10 nas últimas três edições da Copa do Mundo faça o mínimo possível e Dorival Júnior o convoque.

Não consolidamos novos talentos na Europa por causa da marra. Há uma geração de mimados. Não aceitam ser contrariados, disciplinados, sentar-se no banco de reservas no Velho Mundo — e muito menos no Brasil. Aqui ainda se tolera isso. Lá fora, não! Por isso testemunhamos refugos e o constante bate-volta.

Gabigol foi para a Inter. Fez bico para a reserva. Emprestado ao Benfica, não engoliu o banco e voltou ao Brasil para reinar no Flamengo. Pedro saiu do Fluminense para a Fiorentina. Em vez de competir com o sérvio Vlahovic e evoluir no futebol italiano, recuou e topou a oferta do Flamengo.

Lucas Moura, Oscar e Philippe Coutinho não explodiram na Europa. Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso decepcionaram. Richarlison e Gabriel Jesus vivem na corda bamba nos londrinos Tottenham e Arsenal, respectivamente. Observem o mercado. Clubes brasileiros cogitam repatriá-los.

A nova safra vive momento confuso. Enquanto Vinicius Junior e Rodrygo estão firmes no Real Madrid; e Raphinha é protagonista do Barcelona; Endrick tenta se adaptar ao time merengue. Vitor Roque e Marcos Leonardo foram contratados por Barcelona e Benfica, respectivamente. Hoje, um está no Bétis e o outro, no Al-Hilal.

Deivid Washington mal deixou o Santos para defender o Chelsea e está de volta ao Peixe. Revelado pelo Fluminense, Luiz Henrique foi para Real Bétis, veio para o Botafogo e "exilou-se" no Zenit São Petersburgo! Os times russos estão impedidos de disputar Liga dos Campeões, Liga Europa e Conference League por causa da guerra contra a Ucrânia.

Estêvão é o mais novo candidato a sucessor de Neymar. O diamante do Palmeiras se apresentará ao Chelsea em julho. A questão é: quem assegura a permanência dele na Inglaterra por várias temporadas consecutivas, sem que a joia rara de apenas 17 anos refugue ou faça um bate-volta?

Andamos 12 anos em círculo. Neymar foi e voltou sem sucessor. Gostemos ou não, ele continua sendo o único fora de série no carente futebol brasileiro. Resta-nos desfrutar por pelo menos seis meses do que ele faz melhor: jogar bola. É o que temos.

 


Marcos Paulo Lima
MP
postado em 01/02/2025 06:00