Opinião

Axé music, 40 anos

Mesmo dividindo opiniões, o gênero musical que se tornou conhecido como axé music fez muito barulho na década de 1990 e se espalhou pelo país

O cantor Bell Marques é um dos ícones da axé music -  (crédito: Divulgação)
O cantor Bell Marques é um dos ícones da axé music - (crédito: Divulgação)

Havia um grande número de admiradores, mas existiam também os detratores. Mesmo dividindo opiniões, o gênero musical que se tornou conhecido como axé music fez muito barulho na década de 1990 e se espalhou pelo país, inclusive por Brasília, onde imediatamente foi assimilada pelos jovens.

Originário de Salvador, em meados dos anos 1980, o movimento teve como precursores Luiz Caldas e Sarajane, ao gravarem as dançantes Fricote e A roda, respectivamente. Lançadas às vésperas do carnaval soteropolitano, ambas se transformaram em grandes sucessos.

A denominação dada, de forma pejorativa, pelo jornalista e crítico musical Hagamenon Brito, do Correio da Bahia (apreciador de rock e jazz), logo caiu no gosto dos foliões. Durante o carnaval, eles se dividiam entre os blocos Chiclete com Banana, Asa de Águia, Beijo, Cheiro de Amor, Crocodilo, Eva, Mel, Painel, Mascarados, Muquiranas, entre outros.

Durante a folia, paralelamente, havia o desfile de blocos afros, como Olodum, Muzenza, Timbalada Badauê, Araketu, além do afoxé Filhos de Gandhi, nos circuitos Campo Grande e Barra Avenida. Esses espaços passaram a chamar, respectivamente, Dodô e Osmar, criadores do trio elétrico, o carro de som que anima a democrática festa de rua, genuinamente baiana. Esse, digamos, instrumento sonoro, foi popularizado por Caetano Veloso na marchinha Atrás do trio elétrico, de 1969, que viria a se tornar um clássico. 

Cada bloco era liderado por cantores hoje  famosos. Entre os quais, Bell Marques, Durval Lelys, Carlinhos Brown, Ricardo Chaves,Tatau, Tuca Fernandes, Netinho, Daniela Mercury, Márcia Freire, Cláudia Leitte e Margareth Menezes — a atual ministra da Cultura.

Quando exportada para outras cidades do país, a partir da década de 1990, a axé music se tornou a trilha sonora da festa de rua, que recebeu o nome de micareta. Foi exatamente naquele ano que ocorreu a primeira Micarecandanga — nome dado à folia brasiliense.

A primeira ocorreu entre o Eixão Norte e o Estádio Mané Garrincha. O evento, depois, ocupou a Esplanada dos Ministérios, o Eixo Monumental e, posteriormente, o Autódromo Internacional. Em 2024, foi realizado o Festival Micarê.

Os 40 anos da axé music foram comemorados no programa Altas Horas, comandado por Serginho Groisman, na TV Globo, com a participação de vários artistas baianos. 

Em 1º de janeiro, o show pelo projeto Pôr do Som, apresentado por Daniela Mercury no Farol da Barra, em Salvador, teve a axé music como tema. Na Caixa Cultural da capital soteropolitana, está em cartaz a exposição intitulada A força sonora e visual de um movimento. Não por acaso, o tema do carnaval baiano de 2025 será axé music.

 

 

Irlam Rocha Lima
IR
postado em 14/01/2025 06:00
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