Talvez não exista nada mais importante no mundo de hoje do que ver os poderosos mostrando a cara. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em seu anúncio dissimulado, só explicitou algo que já fazia por baixo dos panos. Agora ficou mais claro, evidente, as regras do seu jogo, que são bem diferentes daquelas do jogo democrático.
Antes estivéssemos entregues à própria sorte. Com a decisão da Meta de encerrar o programa de fact-checking (verificação digital de fatos), estamos lançando dados arranjados para andar casinhas para trás, num jogo combinado para favorecer ditadores, que, ao final das contas, só se importam em aumentar o peso de suas contas bancárias, enquanto disseminam narrativas de manipulação.
O jornalismo agora sofre novas ameaças, com oportunistas saindo dos buracos para corroer o que existe de mais relevante: a verdade. Sim, será um tempo de ainda mais desinformação e fake news. E, por isso, torna-se mais essencial cultivar e lutar por valores como a liberdade de expressão e respeito à democracia.
Caminhamos muito até aqui. As instituições se fortaleceram. Criamos leis e temos arcabouço jurídico sólido para evitar desatinos. Mas é preciso muito mais, sobretudo educação desde muito cedo para combater a desinformação.
O jornalismo sério e de qualidade tem um duro embate pela frente, sobretudo para fazer frente ao fenômeno dos news influencers, que se travestem de jornalistas para disseminar discursos de ódio ganhando fortunas sem prestar contas. Não sejamos bobos. Resistir é preciso.
Mas, vocês sabem, sou mesmo uma otimista incorrigível. Em algum momento, a roda gira, a sorte vira, as pessoas se dão conta de que regimes ditatoriais só servem para sequestrar liberdades individuais e coletivas, além do direito de fazer escolhas com base na verdade dos fatos, sem manipulação.
E, afinal, temos Fernanda Torres e o cinema brasileiro — que coisa magnífica nos trouxe! Foi tudo extraordinário. Tantas mulheres maduras e talentosas ali no Globo de Ouro. A alegria da Tilda, a explosão no Brasil, Erasmo tocando sem parar…. Amei cada minuto.
Temos Ariano Suassuna e seu, o nosso Auto da Compadecida. E ainda um Pepe Mujica, preparando lindamente e com dignidade sua despedida neste tempo. Nenhum tempo é de todo obscuro. Vamos iluminar quem merece e nunca nos entregar diante dos sinais de fumaça. Que comecem os jogos!