Reflexão

Em 2025, seja uma pessoa emocionada

O fato é que tudo é passageiro e, diante do inexorável, nos resta bem pouco a fazer, a não ser aproveitar intensamente nossos momentos por aqui

Tudo isso rende a certeza de que a vida vale a pena ser vivida em seus mínimos detalhes, seja ela curta, seja longeva ao extremo -  (crédito: Thought Catalog/Unsplash)
Tudo isso rende a certeza de que a vida vale a pena ser vivida em seus mínimos detalhes, seja ela curta, seja longeva ao extremo - (crédito: Thought Catalog/Unsplash)

Na véspera da primeira semana útil do ano, vasculho o repertório de notícias em busca de inspiração. O primeiro artigo de 2025 poderia ser sobre a expectativa do prêmio para o filme Ainda Estou Aqui, porque ele ainda bate acelerado no meu peito. Ou mesmo sobre o Auto da Compadecida, que me deixou ainda com mais orgulho do cinema brasileiro. Também pensei em conversar por aqui sobre o "aniversário" da fatídica tentativa de golpe, aquele 8 de janeiro que nos deixou abismados e revoltados, contando os prejuízos das casas que abrigam os Três Poderes da República. 

São muitos os temas que nos esperam logo neste início de ano. Mas eis que me deparo com várias notícias sobre morte. Do ciclista atropelado e largado sem socorro à jovem médica colhida pelo fogo na Tailândia; de atentado em Nova Orleans a afogamentos em série no réveillon. Ainda a partida da querida dona Lygia Caldas Pereira, aos 108 anos. A pioneira foi presidente da Ação Social do Planalto e da Casa do Candango, chegou à capital em 1962, até ali com 12 filhos. O caçula deles, Eduardo Jorge, ex-ministro do governo FHC, nasceu em Brasília. Também leio sobre o adeus à pessoa mais velha do mundo, aos 116 anos no Japão, onde mais de 95 mil pessoas são centenárias. Mas não quero falar necessariamente sobre morte. 

Fiquei pensando sobre a brevidade da vida em tantos casos ou mesmo quantas vidas cabem em um século de existência. Sobre como queremos viver e contar nossos anos. A cada ano que passa, sinto mais a pulsação da vida. Acho que a maturidade nos dá esse presente. Tomar consciência da grandiosidade da nossa existência demora e, ao longo do tempo, somos surpreendidos por angústia, ansiedade, tristeza, luto, depressão. Também somos arrebatados por sentimentos intensos de alegria e, com muita frequência, vivemos momentos tão bons que desejamos que eles nunca acabem.

Mas o fato é que tudo é passageiro e, diante do inexorável, nos resta bem pouco a fazer, a não ser aproveitar intensamente nossos momentos por aqui. Já falei inúmeras vezes aqui neste espaço sobre o quanto é importante cultivar amigos, estar próximo deles, olho no olho. Já falei sobre a necessidade de conexões verdadeiras longe das telas. Já cansei de repetir sobre o poder da contemplação da natureza e das nossas cidades nas minhas caminhadas. Ou mesmo dos encontros e reencontros com a fé nos meus momentos de peregrinações.

Tudo isso rende a certeza de que a vida vale a pena ser vivida em seus mínimos detalhes, seja ela curta, seja longeva ao extremo; seja nos momentos de dor, seja nas ocasiões de alegria extasiante. Em 2025, desejo ser esta pessoa emocionada, que sente à flor da pele, que se alegra com a alegria do outro, que se compadece e ajuda o próximo, que ri com amigos, que cultiva boas memórias, que tem autocompaixão e abraça as próprias dores. E desejo tudo isso a cada um de vocês que me acompanha por aqui!  

 


Ana Dubeux
postado em 05/01/2025 06:01
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