O termo "Geração Beta" teve um pico de popularidade no começo deste ano. A procura no Google por explicações sobre as crianças que nascem a partir de 1º de janeiro, inaugurando um novo ciclo demográfico, ganhou a web, competindo com a curiosidade sobre os nomes mais registrados. Composta por indivíduos que virão ao mundo entre 2025 e 2039, essa será a primeira a viver em um mundo totalmente integrado à inteligência artificial (IA) e a avanços tecnológicos que redefinem as dinâmicas sociais, culturais e econômicas.
Os "betas" já chegam a um mundo onde a interação com IA e dispositivos inteligentes é a norma, e não a exceção. Ferramentas como assistentes virtuais, carros autônomos e algoritmos personalizados serão tão corriqueiras quanto a eletricidade e a internet são para nós hoje. Isso significa que essa geração não apenas consumirá tecnologia, mas crescerá interagindo com sistemas que aprendem, evoluem e se adaptam a seus comportamentos.
A tecnologia deixou de ser uma ferramenta e tornou-se um ambiente. Frutos prováveis de pertencentes às gerações Millennials e Z, desde os primeiros anos, essas crianças estarão cercadas por dispositivos inteligentes capazes de aprender e interagir, desde brinquedos educativos baseados em IA até assistentes virtuais que compreendem suas necessidades antes mesmo de serem expressas.
No entanto, essa convivência tão próxima com a tecnologia levanta questões cruciais já nesta atual Geração Alpha, marcada pelos nascidos a partir de 2010. Como será moldado o senso crítico dessas crianças em um mundo onde algoritmos são responsáveis por sugerir o que ler, assistir e consumir? Haverá espaço para a criatividade genuína ou estaremos limitados às escolhas pré-formatadas por sistemas inteligentes?
Outro aspecto importante é o impacto social e emocional desta primeira geração pós-pandemia da covid-19. A presença constante da IA pode representar avanço, mas também o risco de que a interação com dispositivos substitua, em parte, as relações humanas. O que acontece com a empatia e a habilidade de lidar com emoções em um mundo onde as respostas automáticas são a norma?
E como não falar de saúde mental? Com a constante presença de algoritmos que estimulam o consumo e a conectividade, crianças e jovens poderão enfrentar ainda mais desafios psicológicos relacionados à superexposição digital. O equilíbrio entre a inovação e a preservação de aspectos fundamentais da condição humana serão o grande desafio.
Por fim, o mercado de trabalho. Hoje, quatro gerações coexistem: de um lado, os veteranos Baby boomer e X; do outro, os Millennial e Z. Em questão de cinco anos, a geração Alpha chegará aos estágios, trazendo uma nova revolução. Parece cedo para pensar nisso, mas como será a interação desses betas que ainda irão nascer com a turma mais antiga é uma cultura que precisa começar a ser desenhada desde já?