Mais um ano começou, e nestes primeiros dias de 2025, as resoluções para os próximos 12 meses já se impõem. As pessoas próximas compartilham as próprias metas. O assunto se repete no feed e, no fim das contas, os planos para o futuro viram quase uma ditadura de moral e transformam-se em um verdadeiro suplício.
Para quem não conhece, as resoluções de ano novo são, basicamente, um conjunto de objetivos que devemos traçar para alcançar no ano que se renova. Até aí, tudo bem. Parece inofensivo, certo? Errado. Às vezes, tais resoluções podem ser sufocantes.
Pelos últimos quatro ou cinco anos, fui um afinco praticante das resoluções de ano novo. As escrevi em papel pautado que ficou grudado na porta do guarda-roupas. Dizem os coachs de carreira que a ordem é olhar para essas resoluções o máximo possível. Pois bem, dessa forma eu não consigo trocar uma camiseta sem encará-los. Com o passar do tempo, contudo, as resoluções foram se acumulando. A folha com as resoluções de 2023 ficou em cima dos objetivos de 2022, que estavam sobrepondo os planos de 2021.
Pode até parecer um pouco triste, admito. Mas grande parte das resoluções de todos esses anos não se tornou realidade. Não consegui terminar, ou sequer colocar para frente, objetivos que enterraram outras metas e se acumularam em um bola de neve de fracassos — que tenho de encarar todos os dias, todas as vezes, que tenho de trocar de roupa.
Em 2025 existirá uma nova abordagem. Larguei mão das resoluções de ano novo. Ainda tenho tantas outras lá atrás para tentar emplacar. Qual seria a razão de empilhar mais planos fadados ao fracasso? A sensação, contudo, é ruim. Parece que falta algo para o ano, talvez uma esperança, ou um norte. Algo que é justificável, afinal, o mundo faz pensar que precisamos de uma força, um impulso para começar o ano.
Mesmo assim, tentarei manter a abordagem: chega de resoluções. Talvez 2025 seja o ano de pegar um pouco mais leve, de relaxar um pouco. Vai que uma das metas de 2022 entre em campo, uma vez que elas não têm prazo de validade.
Conforme a idade vai passando, cresce a teoria de que as resoluções de ano novo só funcionam se forem amigáveis. Não vale a pena inventar algo que lhe esgote ou faça-lhe ter uma sensação de fracasso, especialmente as metas relacionadas a conquistas materiais que são muito relativas.
Está na hora de pensar nos próximos anos com um pouco mais de leveza. Talvez um "não se cobre tanto" fique no topo da lista das resoluções de 2025. E sobre os objetivos — do passado que ainda não se concretizaram —, pense em abordá-las com com mais ternura e menos irritação. Olhe para aquela folha das metas e erga a bandeira branca. Rearranje-as para 2025, comece devagar, com pequenos passos. Tenha a visão de como elas funcionam na prática e lembre-se: as resoluções de 2024 não foram cumpridas no último ano. Tantas outras coisas ocorreram e tantas outras ainda devem ocorrer em 2025.