Artigo

Um ano de turbulências

Nos Estados Unidos, Trump volta à Presidência e promete ser ditador por um dia. Na América Latina, protestos contra Maduro mantêm o cenário de conflito. No Oriente Médio e no norte da Europa, a paz não aparece no horizonte

 PHILADELPHIA, PENNSYLVANIA - SEPTEMBER 10: Republican presidential nominee, former U.S. President Donald Trump, debates Democratic presidential nominee, U.S. Vice President Kamala Harris, for the first time during the presidential election campaign at The National Constitution Center on September 10, 2024 in Philadelphia, Pennsylvania. After earning the Democratic Party nomination following President Joe Biden?s decision to leave the race, Harris faced off with Trump in what may be the only debate of the 2024 race for the White House. -  (crédito: WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
PHILADELPHIA, PENNSYLVANIA - SEPTEMBER 10: Republican presidential nominee, former U.S. President Donald Trump, debates Democratic presidential nominee, U.S. Vice President Kamala Harris, for the first time during the presidential election campaign at The National Constitution Center on September 10, 2024 in Philadelphia, Pennsylvania. After earning the Democratic Party nomination following President Joe Biden?s decision to leave the race, Harris faced off with Trump in what may be the only debate of the 2024 race for the White House. - (crédito: WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

No cenário internacional, 2025 começa com poucos motivos para otimismo e promessa de turbulência na Venezuela e nos Estados Unidos. Os próximos 20 dias serão repletos de suspense. Em 10 de janeiro, o opositor Edmundo González Urrutia promete tomar posse como presidente venezuelano, enquanto Nicolás Maduro pretende fazer o mesmo para mais seis anos de mandato, perante a Assembleia Nacional, de esmagadora maioria chavista.

Um cenário propício para o desastre: se Edmundo for impedido de prestar juramento, ainda que simbólico, manifestantes contrários ao regime devem tomar as ruas. Se o opositor for preso ao desembarcar em Caracas e Maduro prosseguir no poder, protestos devem se espalhar pelo país e pelas nações onde se concentram exilados e refugiados.

Dez dias depois, o republicano Donald Trump receberá de Joe Biden a faixa presidencial com a ameaça expressa de ser ditador por um dia. Avisou que levará adiante a maior deportação em massa da história dos EUA. A dúvida está em como o magnata conseguirá organizar a logística para tantas expulsões. Ainda no primeiro dia de governo, deverá conceder indulto aos invasores do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Um exemplo da falta de apreço pela democracia.

O Oriente Médio deverá seguir pelas sendas da guerra e da tensão. Por várias vezes, informou-se sobre a proximidade de um cessar-fogo em Gaza. Mesmo que isso ocorra, o conflito israelo-palestino, que se arrasta por décadas, está longe de uma solução. As demandas parecem inconciliáveis, e as partes envolvidas não estão dispostas a concessões.

A resposta do Irã à retaliação israelense a um bombardeio massivo com mais de 200 mísseis ainda não ocorreu, e deve ser um elemento de suspense para este ano, assim como o programa de enriquecimento de urânio de Teerã, motivo de suspeita do Ocidente em relação à fabricação da bomba atômica. O Líbano, por sua vez, deve equilibrar sobre uma frágil trégua, violada por várias vezes. Provavelmente, os rebeldes huthis do Iêmen manterão a ofensiva contra Israel.

Na Europa, os olhos continuam voltados para a Ucrânia. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deverá manter a ofensiva contra a ex-república soviética. O fim dos combates dependerá, provavelmente, da aceitação do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ceder parte do seu território para os russos.

O temor de que o conflito prolifere pelo continente aumentou depois da derrubada de um avião civil do Azerbaijão com 67 pessoas a bordo, em 25 de dezembro. Qualquer erro de cálculo que levar à morte de civis em países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode empurrar a aliança para a guerra. Também merece atenção a crise política na França, com um presidente Emmanuel Macron cada vez mais desgastado.

 

Rodrigo Craveiro
postado em 01/01/2025 06:00
x