No cenário internacional, 2025 começa com poucos motivos para otimismo e promessa de turbulência na Venezuela e nos Estados Unidos. Os próximos 20 dias serão repletos de suspense. Em 10 de janeiro, o opositor Edmundo González Urrutia promete tomar posse como presidente venezuelano, enquanto Nicolás Maduro pretende fazer o mesmo para mais seis anos de mandato, perante a Assembleia Nacional, de esmagadora maioria chavista.
Um cenário propício para o desastre: se Edmundo for impedido de prestar juramento, ainda que simbólico, manifestantes contrários ao regime devem tomar as ruas. Se o opositor for preso ao desembarcar em Caracas e Maduro prosseguir no poder, protestos devem se espalhar pelo país e pelas nações onde se concentram exilados e refugiados.
Dez dias depois, o republicano Donald Trump receberá de Joe Biden a faixa presidencial com a ameaça expressa de ser ditador por um dia. Avisou que levará adiante a maior deportação em massa da história dos EUA. A dúvida está em como o magnata conseguirá organizar a logística para tantas expulsões. Ainda no primeiro dia de governo, deverá conceder indulto aos invasores do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Um exemplo da falta de apreço pela democracia.
O Oriente Médio deverá seguir pelas sendas da guerra e da tensão. Por várias vezes, informou-se sobre a proximidade de um cessar-fogo em Gaza. Mesmo que isso ocorra, o conflito israelo-palestino, que se arrasta por décadas, está longe de uma solução. As demandas parecem inconciliáveis, e as partes envolvidas não estão dispostas a concessões.
A resposta do Irã à retaliação israelense a um bombardeio massivo com mais de 200 mísseis ainda não ocorreu, e deve ser um elemento de suspense para este ano, assim como o programa de enriquecimento de urânio de Teerã, motivo de suspeita do Ocidente em relação à fabricação da bomba atômica. O Líbano, por sua vez, deve equilibrar sobre uma frágil trégua, violada por várias vezes. Provavelmente, os rebeldes huthis do Iêmen manterão a ofensiva contra Israel.
Na Europa, os olhos continuam voltados para a Ucrânia. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deverá manter a ofensiva contra a ex-república soviética. O fim dos combates dependerá, provavelmente, da aceitação do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ceder parte do seu território para os russos.
O temor de que o conflito prolifere pelo continente aumentou depois da derrubada de um avião civil do Azerbaijão com 67 pessoas a bordo, em 25 de dezembro. Qualquer erro de cálculo que levar à morte de civis em países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode empurrar a aliança para a guerra. Também merece atenção a crise política na França, com um presidente Emmanuel Macron cada vez mais desgastado.