TELEFONIA

Análise: Chega de golpes! É hora de aumentar a segurança nas linhas telefônicas

Em um ponto em comum percebido nas investigações, agentes das polícias Civil e Federal afirmam que a maior parte das linhas envolvidas em fraudes é um número pré-pago habilitado em nome de pessoas que nem sequer sonham que estão vinculadas à atividade criminosa

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Tenho certeza de que não se trata de apenas uma sensação isolada, mas aumentou consideravelmente nos últimos dias a quantidade de ligações, sempre originadas de números desconhecidos, de tentativas de golpes pelo celular. E o roteiro é sempre o mesmo: ao atender a chamada, uma voz eletrônica pede para confirmar ou contestar a transação e, independentemente da opção escolhida, um "funcionário do banco" é acionado para conversar com o "cliente".

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não se trata de um novo golpe. A prática é a mesma há tempos. Os estelionatários buscam conseguir dados de vítimas para acessar contas bancárias ou clonar o WhatsApp — e, assim, extrair dinheiro de contatos com pedidos de pagamentos de boletos ou pix emergenciais. A grande questão é que, em tempos de avanço da aplicação da inteligência artificial, as operadoras de telefonia simplesmente não conseguem identificar um padrão e interromper as ligações em sequência.

Em setembro, a Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, expediu uma série de medidas para as operadoras tentarem coibir a aplicação de golpes e fraudes, entre elas, novas etapas de verificação, como, por exemplo, vetar a utilização de múltiplos números aleatórios para chamadas de uma mesma origem. Na teoria, a ideia é linda, mas, na prática, não é o que ocorre. A fonte das ligações é a mesma, muda apenas o número. Assim, as tentativas de estelionato seguem a mil por hora.

Em um ponto em comum percebido nas investigações, agentes das polícias Civil e Federal afirmam que a maior parte das linhas envolvidas em fraudes é um número pré-pago habilitado em nome de pessoas que nem sequer sonham que estão vinculadas à atividade criminosa. E uma das questões que chamam a atenção é a facilidade em registrar linhas usando documentos de terceiros.

Por isso, considero fundamental um rigor maior na hora de habilitar um pré-pago. A biometria facial está aí e precisa ser aprimorada — e utilizada à exaustão. Tanto que basta uma simples busca na internet para identificar centenas de ações judiciais de consumidores que foram vítimas de fraude por conta da utilização de dados pessoais usados para a prática de crimes, sem que as operadoras percebessem. Quer saber se tem um pré-pago habilitado em seu nome, caro leitor? Acesse www.cadastropre.com.br. Cuidado para não se surpreender. 

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