A temporada do futebol brasileiro chega ao fim com um enredo no mínimo preocupante para os técnicos brasileiros. Vou usar como termômetro os ex-treinadores da Seleção. Em tese, as referências. Todos fecham em baixa. Sem exceção. Em contrapartida, o título do Brasileirão terminará pelo terceiro ano consecutivo nas mãos de um português — Artur Jorge, recém-campeão da Libertadores, ou Abel Ferreira. Há pelo menos duas luzes no fim do túnel. Filipe Luís surpreende no início na profissão. Roger Machado renasceu.
Comecemos pela situação de quem comandou a Seleção nos últimos 25 anos. Recordista de títulos da Série com cinco, Vanderlei Luxemburgo está desempregado desde a demissão no Corinthians em setembro do ano passado. Émerson Leão tem imunidade. O técnico campeão brasileiro em 2002 pelo Santos desfruta a aposentadoria. Carlos Alberto Parreira também encerrou a carreira. Dunga caiu no esquecimento.
Luiz Felipe Scolari brindou o Grêmio com o título da Série A em 1996 e o Palmeiras na edição de 2016. Iniciou o ano à frente do Atlético-MG, perdeu o emprego depois de uma derrota para o América-MG no jogo de volta das semifinais do Campeonato Mineiro para o argentino Gabriel Milito. Especulou-se o nome de Felipão no Boca Juniors, porém não passou disso. O técnico do penta anunciou o fim da carreira em 2022, porém voltou em 2023 e parece disposto a escutar propostas.
Mano Menezes vive um drama. Vinte anos depois de liderar o título do Grêmio na Série B na Batalha dos Aflitos contra o Náutico, ele arrisca voltar para a segunda divisão pelo Fluminense na última rodada. Em 2010, ele assumiu a missão de renovar nomes e o futebol da Seleção. Abriu mão de amistosos em uma Data Fifa e levou convocados para um período de treinos na fábrica de talentos do Barcelona. Hoje, vive altos e baixos. Levou o Inter ao vice em 2022 e flerta com a queda em 2024.
Tite é a decepção do ano. Recebeu o elenco mais caro e talentoso do país e fracassou no Flamengo. Os últimos três vencedores da Libertadores são do Rio de Janeiro, mas cá entre nós: o Estadual é pouco para o tamanho do Adenor, considerado até outro dia o melhor treinador brasileiro.
Fernando Diniz ostentou durante um ano e dois meses os cargos de técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira. Brindou o tricolor com o título inédito da Libertadores, ganhou a Recopa Sul-Americana, foi demitido ao deixar o time na zona do rebaixamento neste Brasileirão, assumiu o Cruzeiro e tem apenas duas vitórias em 13 jogos.
Há esperança em meio à crise dos ex-técnicos da Seleção. Os números de Filipe Luís são inversos aos de Fernando Diniz. O técnico calouro também tem 13 partidas pelo Flamengo, porém só perdeu um. Em dois meses e sete dias no cargo, ganhou a Copa do Brasil e estabilizou o time em terceiro no Brasileirão e o futebol agrada. Roger Machado ajeitou o Internacional, o melhor time do segundo turno com 37 pontos ao lado do Palmeiras.
Parreira era o anfitrião do Footecon, um fórum anual para avaliar o trabalho dos técnicos brasileiros. Alguém deveria ressuscitar o debate urgentemente.
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