Para a surpresa de muitos brasileiros, pesquisa mostra que 91% das pessoas têm uma percepção positiva em relação à alimentação sustentável. Das cinco nações e quase 7,3 mil entrevistados que participaram do levantamento — Brasil, Índia, Estados Unidos, França e Reino Unido —, o país lidera as estatísticas. A Pesquisa Internacional de Sustentabilidade Food Barometer 2024, realizada pela Sodexo, que está em sua segunda edição, revela que 51% dos entrevistados brasileiros se declararam engajados com a alimentação sustentável, ultrapassando os 42% do resultado global.
Em um país com índices inflacionários que impactam também na alimentação e no poder de compra e que, nos últimos 10 anos, apresentou um aumento médio de 5,5% no consumo de alimentos ultraprocessados, de acordo com estudo sobre o perfil de consumidores divulgado pela Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), é de causar espanto perceber pelo menos a preocupação com o que se come rotineiramente.
Quando falamos em ultraprocessados, incluem-se formulações industriais prontas para o consumo, como açúcares, xaropes, gorduras, compostos proteicos, e pouca ou nenhuma quantidade de fibras e micronutrientes. E a lista é grande: refrigerantes, doces, balas, biscoitos de pacote, salgados, macarrão instantâneo, frituras, alimentos prontos para aquecimento, chocolates, embutidos, como presunto e mortadela, entre tantos outros.
Embora as pessoas sejam conscientes sobre a relevância da alimentação saudável, o Brasil ainda caminha lentamente nessa direção. Há um distanciamento entre teoria e prática, entre o que se propõe e o que se faz. E isso não é um fenômeno restrito aos brasileiros.
Segundo a pesquisa Food Barometer, o preço e o sabor se mantêm como elementos principais nos itens de escolha dos consumidores em escala global. Para 73% dos respondentes, o preço é o principal critério, seguido pelo sabor: 61%, muito em decorrência da crise econômica no mundo, segundo analistas. Em seguida, há critérios como valor nutricional (50%), composição/ingredientes (48%), marca (37%), conveniência do produto (35%) e aparência/acondicionamento (32%).
A pesquisa também ressaltou que a maior parte dos entrevistados reconhece os benefícios da alimentação sustentável, com destaque para a redução do impacto para o meio ambiente (51%), redução do desperdício (50%), melhora da saúde (47%) e proteção da biodiversidade (43%), seguido, pelo apoio a produtores/economias locais (38%) e respeito ao bem-estar animal (36%).
O levantamento serve como um chamamento para que tanto os governos e as instituições de saúde pública quanto a indústria alimentícia e a sociedade se unam em uma tentativa de liderar uma transição do mundo de ultraprocessados para uma população que consuma dietas mais equilibradas, com práticas agrícolas sustentáveis, campanhas de educação alimentar e introdução de um maior número de ingredientes saudáveis aos processos industriais. Ganha a saúde do brasileiro. Ganha a economia. E ganha o meio ambiente.