IBANEIS ROCHA — Governador do Distrito Federal
É hora de mobilizar toda a nossa classe política, nossos representantes na Câmara dos Deputados, no Senado, os deputados distritais, independentemente de ideologias ou partidos, para trabalhar juntos na defesa do Fundo Constitucional do Distrito Federal, como o próprio nome diz, um imperativo constitucional que não pode continuar sob a ameaça de cortes em meio a pacote de ajuste fiscal do governo. É inaceitável.
Momentos como esse requerem grandeza das pessoas que receberam a confiança dos eleitores para representá-los e defender os interesses de nossa capital. Por coincidência, a proposta de alteração das regras do Fundo Constitucional ressurge no momento em que o DF vem sendo apontado em vários estudos como exemplo de eficiência na utilização de recursos para melhoria da qualidade de vida da população em áreas como necessidades humanas básicas (alimentação, saneamento, segurança), fundamentos de bem-estar (saúde, educação e meio ambiente), além de inclusão social e proteção aos direitos individuais. Há críticas à administração, por óbvio, mas não no sentido de que há omissão. Ao contrário. Muitas vezes, por desinformação, atacam-se ações do governo onde é proibido ficar parado.
Também os setores produtivos, as associações, os sindicatos, as entidades representativas, o trabalhador, do mais simples ao mais qualificado, o servidor público, cidadãos e cidadãs devem levantar a sua voz para mostrar que o Fundo representa uma conquista que transcende questões regionais; é a materialização de uma visão republicana que reconhece o papel singular de Brasília como a capital de todos os brasileiros.
De novo, conspira-se contra o DF, e, se não agirmos a tempo, perderemos a condição, inclusive, de abrigar as sedes dos Três Poderes e as representações diplomáticas dos países com os quais nos relacionamos. Estarão comprometidas atividades essenciais e em risco a estabilidade de uma região que abriga mais de 3 milhões de pessoas.
De novo, conspira-se contra o DF, e, se não agirmos a tempo, perderemos a condição, inclusive, de abrigar as sedes dos Três Poderes e as representações diplomáticas dos países com os quais nos relacionamos. Estarão comprometidas atividades essenciais e em risco a estabilidade de uma região que abriga mais de 3 milhões de pessoas.
Não é alarmismo. A explicação para isso é simples: nossa capital não possui um parque industrial, não desfruta das benesses de royalties por exploração de petróleo (estamos a mais de mil quilômetros do mar) e não dispõe de vastas áreas para cultivo e agropecuária de exportação. Representando uma parcela significativa do orçamento total do Governo do Distrito Federal, o Fundo significa, na essência, a própria sobrevivência daquilo que um dia Juscelino Kubitschek sonhou para levar desenvolvimento ao interior do Brasil.
Brasília tornou-se estratégica tanto na geopolítica quanto no planejamento do país. Com seus 5.802 quilômetros quadrados, a menor das unidades federativas funciona como uma ponte de desenvolvimento, unindo os quatro pontos cardeais do Brasil. Somada ao Entorno, a população ultrapassa os 4 milhões, exigindo capacidade de gestão para garantir serviços públicos em áreas prioritárias, como segurança pública, saúde e educação. Todas cobertas pelo Fundo, como é de largo conhecimento do governo federal e por inúmeras vezes destacadas pelos nossos representantes no Congresso Nacional.
No ano passado, quando se cogitou tal ideia, a maioria dos parlamentares convenceu-se da necessidade de manter o Fundo, num claro reconhecimento de se preservar os serviços essenciais de Brasília como centro político e sede dos poderes. A partir daí, julgamos a matéria vencida. Porém, é intrigante, para se dizer o mínimo, que agora o tema retorne em meio a medidas de corte de gastos, num palavreado cujo significado na economia do DF seria desastroso já no próximo ano. Dá para imaginar o efeito devastador na vida das pessoas, na qualidade de vida de uma cidade que nasceu para ser modelo nos serviços públicos.
Durante a construção de Brasília, JK enfrentou forte oposição, ora daqueles que não queriam deixar a Guanabara e se mudar para “o mato”, como se dizia à época, ora dos que conspiravam contra os planos desenvolvimentistas do governo, o conhecido plano de metas. Achavam Brasília um obstáculo a tudo e desprezavam a visão futurista do presidente. É como se algumas pessoas, por uma razão ou outra, ainda continuem com esse pensamento, 64 anos depois. Pois saibam que Brasília continua símbolo de um Brasil cheio de confiança no seu futuro. Está no coração de todos os brasileiros.