Opinião

Visão do Correio: O risco das estradas no meio do caminho

A mobilidade eficiente exige ações do poder público e do cidadão pela garantia do respeito à vida e pelo crescimento do Brasil

Na contagem regressiva para o réveillon, o alerta de perigo nas rodovias continua em nível máximo, com os brasileiros se deslocando para a virada do ano e também as férias -  (crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Na contagem regressiva para o réveillon, o alerta de perigo nas rodovias continua em nível máximo, com os brasileiros se deslocando para a virada do ano e também as férias - (crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)

No Brasil, as estradas são a principal alternativa de deslocamento por demandas de trabalho e de lazer. Nesta época, com as festas de fim de ano e as férias, o movimento é intensificado devido ao aquecimento da economia — que exige o transporte de um volume maior de mercadorias — e, principalmente, em decorrência das viagens de descanso. Esse aumento de circulação no asfalto escancara a falta de segurança e manutenção nas pistas, além de comprovar que a imprudência segue ao lado de muitos motoristas. Questões que o país, com sua extensa malha rodoviária, ainda não conseguiu deixar para trás. 

No último dia 21, perto do Natal, um acidente na BR-116, altura de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, provocou 41 mortes. Uma carreta que transportava granito, um ônibus e um carro de passeio  envolveram-se na trágica ocorrência, a pior da série histórica nas estradas federais desde 2007. As causas da colisão são investigadas, mas é possível que problemas crônicos tenham contribuído. Perto do local, um radar de controle de velocidade foi retirado, a Polícia Civil apontou que o condutor do caminhão estava com a CNH suspensa e testemunhas disseram que um pneu do coletivo estourou. Tudo será devidamente esclarecido pelas autoridades competentes, porém as hipóteses nos fazem pensar que a fiscalização efetiva e o cumprimento das leis de trânsito poderiam ter evitado tanta dor.

Agora, na contagem regressiva para o réveillon, o alerta de perigo nas rodovias continua em nível máximo, com os brasileiros se deslocando para a virada do ano e também as férias. A parte que compete aos motoristas precisa ser considerada. Se na rota há diversas armadilhas, quem está ao volante deve adotar medidas para minimizar os riscos. Fazer a revisão do veículo, dirigir com cautela, respeitar as regras e as sinalizações — como limite de velocidade — e planejar bem o trajeto são responsabilidades que não podem ser negligenciadas.

Aos governos que têm a incumbência de cuidar das estradas brasileiras, a tarefa é grande e não está em dia. As perdas humanas, incomensuráveis, se acumulam há décadas e transformam as estatísticas de sangue que marcam o território nacional em sofrimento sem fim para as famílias. Os desastres e a ausência de condições ideais exercem ainda impacto direto na economia e no desenvolvimento. Sem fluidez segura nas pistas, o crescimento do país, que decidiu apostar no transporte rodoviário, não dá sinais de mudança significativa de rumo para outras alternativas, fica travado.   

É necessário ampliar os recursos destinados às estradas. A melhoria da infraestrutura é um processo que requer constância e investimento. A mobilidade eficiente exige ações do poder público e do cidadão pela garantia do respeito à vida e pelo desenvolvimento socioeconômico do Brasil. As concessões à iniciativa privada precisam ser conduzidas e monitoradas por autoridades com todo o rigor possível. Esforços nunca são demais para que o país cumpra o caminho correto e conquiste uma rede rodoviária que deixe de ser sinônimo de perigo para a população e atinja o potencial que o mercado necessita. 

Correio Braziliense
postado em 30/12/2024 06:00
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