Esporte

Um 10 para chamar de seu

A corrida por um camisa 10, que nem sempre estampa a dezena às costas, é uma das atrações do mercado da bola.

Jogador Tostão, na Seleção Brasileira de Futebol de 1970 -  (crédito: Memoria/CBF)
Jogador Tostão, na Seleção Brasileira de Futebol de 1970 - (crédito: Memoria/CBF)

Em meio à era dos extremos, a ditatura dos pontas, 2025 ensaia o ano dos meias. Basta olhar os elencos dos principais times do país. A corrida por um camisa 10, que nem sempre estampa a dezena às costas, é uma das atrações do mercado da bola. Como escreveu um dia Eduardo Gonçalves de Andrade, o mestre Tostão, "a principal função desses atletas é a de criar e organizar as jogadas no meio-campo e ataque. Para isso, é preciso atuar com a cabeça em pé, sem olhar para a bola, e ter uma ampla visão de campo; jogar e pensar o jogo".

Tostão acrescenta: "Além de enxergar mais que os outros, o camisa 10 precisa ter habilidade, dominar a bola e não perdê-la; ser capaz de driblar e tabelar em pequenos espaços e ter um bom passe curto e longo. O grande passador não é o que coloca a bola, com precisão, no lugar esperado, e sim o que surpreende e põe a bola onde não se espera. Seria bom que o camisa 10 tivesse mobilidade e velocidade para aproveitar todos os espaços ofensivos. Por fim, é necessário fazer gols, muitos gols".

Achar um fora de série com esses atributos é cada vez mais artigo de luxo. De Bruyne no Manchester City; Modric e Bellingham no Real Madrid; Dani Olmo e Gavi no Barcelona e um ou outro a mais com um tiquinho de boa vontade. A Seleção Brasileira carece de ritmista. Times do país se viram para ter ou improvisar alguém na função.

O Flamengo ostenta dois. Ambos da seleção do Uruguai. Arrascaeta assumirá a camisa 10 em 2025. O desafio de Filipe Luís é escalá-lo em sintonia com De La Cruz. Tite tentou. Marcelo Bielsa se recusa: é um ou outro na Celeste.

O novo técnico do Vasco enfrentará desafio semelhante. Fábio Carille conseguirá contar com Philippe Coutinho e Dimitri Payet ao mesmo tempo ou um será titular e o outro ficará no banco?

O Fluminense desfruta de um maestro à moda antiga: Paulo Henrique Ganso resiste. O Botafogo procura um substituto para o argentino Thiago Almada.

Em São Paulo, o trio de ferro iniciará 2025 com bons homens de criação. O São Paulo repatriou Oscar. O Corinthians descobriu Garro. O Palmeiras não se satisfaz com Raphael Veiga e o diamante Estêvão. Por sinal, o meia formado na Academia de Futebol está cansado do papel de ponta. Quer voltar a ser 10. O alviverde cobiça Andreas Pereira do Fulham. Fora da capital paulista, o recém-promovido Santos sondou Eduardo do Botafogo.

O Cruzeiro ainda conta com Matheus Pereira, mas o Palmeiras oferece um caminhão de dinheiro a Pedro Lourenço para tirá-lo da Toca da Raposa. O Atlético-MG desfruta de Gustavo Scarpa, porém Gabriel Milito, ex-técnico do Galo, preferia utilizá-lo na ala-direita. Alan Patrick é o metrônomo do Internacional. Cristaldo encerrou a temporada dono do pedaço no Grêmio. Espero mais de Everton Ribeiro no Bahia.

Como diz Gérson, o Canhotinha de Ouro, "futebol se ganha no meio de campo, tá certo?". Feliz ano-novo a quem tem um "camisa 10" para chamar de seu na temporada de 2025.

 


Marcos Paulo Lima
MP
postado em 28/12/2024 06:00
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