Antes tarde do que nunca! A coroação de Vinicius Junior, o melhor do mundo no Fifa The Best, é inquestionável. Questionáveis — e desnecessários — são os pretextos e os contextos do cabo de guerra entre os dois prêmios mais relevantes do futebol. O atacante brasileiro e o Real Madrid estiveram no centro da batalha de vaidades e armadilhas nas cerimônias da revista France Football, em 28 de outubro, e da Fifa, na última quarta-feira.
O presidente Florentino Pérez lidera movimento pela criação da Superliga Europeia. Em 2021, fracassou no primeiro levante. O Real e os parceiros Atlético de Madrid, Barcelona, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Internazionale, Juventus e Milan foram freados pela Uefa. A entidade mudou o regulamento da Champions League para se aproximar do modelo dos sonhos dos 12 rebeldes. Daí a troca da etapa de grupos pela fase classificatória por pontos corridos com 36 times em turno único.
O que isso tem a ver com Vinicius Junior? O favoritismo dele a número 1 na Bola de Ouro da tradicional votação da revista France Football pode ter sido minado devido a uma certa antipatia de jornalistas-jurados por Florentino Pérez. Na mente vingativa de alguns, antes Rodri do que Vini. Um recado a quem resiste e insiste em peitar a Uefa, nova parceira comercial da Bola de Ouro.
O atual presidente da Fifa Gianni Infantino sacou. Esperou o momento certo para mimar o clube mais poderoso do mundo. O técnico Carlo Ancelotti chegou a anunciar a ausência do Real Madrid no Super Mundial da Fifa, a partir de 14 de junho, nos EUA. Alegou que o cachê do Real seria paupérrimo. Florentino Pérez publicou nota oficial bancando a participação na competição.
O Real Madrid ganhou crédito com o astuto, político e ex-Uefa Infantino. O presidente da Fifa usou a primeira oportunidade para demonstrar gratidão ao Real pelo apoio ao Super Mundial. A festa de gala da Fifa é em janeiro. Foi antecipada no improviso. Carlo Ancelotti, o pupilo Vini e companhia estavam em Doha, no Catar. Infantino deu banquete árabe ao Real no Oriente Médio. Ao contrário do que fez na Bola de Ouro, Forentino e o clube não deram perdido na Fifa. Receberam prêmios no palco.
A coroação de Vini tem o contexto técnico de quem foi protagonista dos títulos do Real no Espanhol e na Champions League em 2023/2024; ativista na luta contra o racismo; e político. Ele e o Real estavam inseridos em uma batalha sem trégua nos bastidores marcada por pretextos turbinados por birras.
Eles não estavam preparados. Vini, sim. Driblou os "antis". Vence e deixa lição: o prêmio individual nem sempre depende do campo. A fogueira de vaidades mina performances. Ele lembrará para sempre de 17 de dezembro de 2024: o dia em que o bairro Porto da Rosa, em São Gonçalo, conquistou o Fifa The Best contra tudo e (quase) todos.
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