A economia brasileira caminha para encerrar o ano com sinais preocupantes para 2025. E uma parte significativa desse diagnóstico desfavorável está diretamente relacionada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A duas semanas de completar a primeira metade do mandato, a administração petista ainda não executou uma política robusta de contenção de gastos, condição primária para alcançar o equilíbrio fiscal. A inoperância do governo obriga sobremaneira o Banco Central a apertar a política de juros e agrava a deterioração do real frente ao dólar, como se viu ao longo da última semana.
O ministro Fernando Haddad anunciou o tal conjunto de medidas fiscais em 27 de novembro. Até o momento, contudo, não se viu uma articulação governista no Congresso Nacional capaz de garantir nem mesmo as metas estabelecidas pelo Ministério da Fazenda — entre outras, uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Convém lembrar que o pronunciamento de Haddad ocorreu após ele ter cancelado uma viagem ao exterior — por ordem do presidente — e uma sequência de reuniões ruidosas e pouco esclarecedoras com ministros ameaçados de cortes orçamentários. Tudo com muito improviso e pouca transparência.
Além de insuficiente, o pacote anunciado pelo Ministério da Fazenda embute ideias eleitoreiras, como a isenção do IR para contribuintes com renda até R$ 5 mil. Até as emas do Alvorada sabem que essa medida será discutida no parlamento quando chegar a distante etapa da reforma tributária que tratará de renda. Consta ainda na proposta fiscal do governo petista a malfadada e renitente tentativa de golpear o Fundo Constitucional do Distrito Federal, repasse legitimado pela Carta Maior para custear a manutenção da capital da República.
Ante tanta tibieza proveniente de Brasília, o mercado deu sinais contundentes de insatisfação. Tornou-se o novo normal o dólar cotado a R$ 6, patamar cambial inédito. E frise-se que o valor da moeda norte-americana manteve-se praticamente inalterado apesar de o Banco Central, na última sexta-feira, ter vendido US$ 800 milhões em leilão. Novas intervenções estão previstas para esta semana.
Há mais. Na última reunião de 2024, concluída na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) emitiu outro sinal de alerta. O aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros, elevando-a para 12,25% ao ano, e o anúncio de outras duas altas da mesma magnitude em janeiro e março indicam que o Banco Central está disposto a adotar um choque monetário para conter a insistente inflação acima do teto da meta. Como se sabe, os efeitos amargos desse remédio serão sentidos por toda a sociedade brasileira pelos próximos meses.
Tudo somado, fica evidente que o governo federal terá de trabalhar muito para reverter o cenário difícil que se apresenta para 2025. É possível ver pontos positivos, como a redução da miséria e do desemprego, mas o presidente Lula e sua equipe têm o dever de implementar uma política econômica mais austera e de credibilidade. Considere-se ainda nessa conta a intercorrência de fatores externos desestabilizadores, como a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro.
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