Opinião

Estresse do fim do ano requer cuidados

A "dezembrite" ou síndrome do fim do ano não é um conceito oficialmente reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), mas acomete a maioria dos brasileiros

Irritação, angústia, acúmulo de estresse. O fim do ano também pode se transformar em gatilho para alguma doença se não nos atentarmos para nossa saúde. A "dezembrite" ou síndrome do fim do ano não é um conceito oficialmente reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), mas acomete a maioria dos brasileiros, em maior ou menor grau. Um estudo da International Stress Management Association (Isma) mostra que 80% das pessoas economicamente ativas apresentam níveis maiores de estresse, ansiedade e depressão nesta época do ano.

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Os motivos de preocupação são diversos — matrícula da escola das crianças, planejamento das festas de Natal e réveillon, organização financeira para a compra de presentes, férias da família e ainda o estresse natural de fechamento de um ciclo e início de outro, no caso, o começo de um novo ano. Por mais que parte dessa rotina seja para fins positivos — reunião de família, dias de descanso —, a sensação de tempo exíguo para desempenhar tantas atividades deixa de ser sensação e passa a ser uma corrida contra o relógio. Além disso, em alguns casos, as comemorações de fim de ano podem ser tristes para quem não tem os entes queridos por perto ou até mesmo  falecidos. 

Quanto aos gatilhos, até aqueles comumente registrados durante todo o ano parecem ficar mais  mobilizadores neste fim de ano. São eles: congestionamentos (pelo menos nas grandes cidades), temporada de chuva (o que afeta maciçamente o trânsito) e um mal que acomete grande parte dos seres humanos: a procrastinação. Geralmente, ao adiarmos determinados afazeres, é comum nos programarmos para realizá-los justamente até o fim do ano. Resultado: pressão, autocobrança e uma batalha consigo mesmo.

Dezembro está logo aí e, antes disso, há uma Black Friday. Por isso, antes de pensar em aproveitar os descontos, vale fazer uma pesquisa bem feita para verificar se compensa antecipar os gastos ou optar por pagar a matrícula dos filhos e "procrastinar" as compras de Natal. Afinal, as escolas não costumam segurar vagas ou adiar a data dos boletos, e as taxas de juros correm com a pressa do término do ano.

É bem verdade que o fim do ano tem suas benesses, como o 13º salário, pelo menos para parte dos trabalhadores. Mas o novo ano também não costuma começar tranquilo. Janeiro traz consigo impostos, como IPVA e IPTU, além das primeiras parcelas das compras e festas de dezembro.

Não faltam, portanto, evidências para afirmar que o fim do ano é regido por uma série de compromissos e expectativas que, caso não sejam "quitados", podem criar uma atmosfera de tristeza e melancolia, desencadeando até quadros mais severos de comprometimento da saúde mental, como ansiedade e depressão. O importante é tentar manter o controle, planejar com calma cada etapa e traçar prioridades, mesmo que nem todas as etapas sejam cumpridas. Afinal, outros 365 dias estarão à espreita.

 

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