Na reunião de líderes das 20 maiores economias do planeta, no Rio de Janeiro, surgiu esperança para milhões de famintos e para os que padecem na pobreza. O pacto assinado por chefes de Estado e por organismos internacionais — a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza — tem o compromisso de cumprir, até 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1 e 2, da Organização das Nações Unidas (ONU): erradicação da fome e diminuição da pobreza.
No ano passado, ao menos 733 milhões de pessoas passaram fome no mundo, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Isso equivale a um em cada 11 cidadãos em todo o planeta — e um em cada cinco na África. Não são números apenas, são vidas em profundo sofrimento, desprovidas de um dos direitos mais básicos do ser humano.
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O levantamento da FAO, divulgado há alguns meses, enfatizou que "o mundo está falhando gravemente" em alcançar os dois objetivos. Também conforme a instituição, o planeta "retrocedeu 15 anos, com níveis de subalimentação comparáveis aos de 2008-2009".
O documento firmado no Rio tem como meta beneficiar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda até 2030 e oferecer merenda escolar para 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas, entre outras iniciativas.
Essa Aliança Global foi uma iniciativa do Brasil na presidência do G20. A adesão em massa é, portanto, um triunfo do governo federal, que tem dado exemplo de combate a esses flagelos, com medidas como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos. A expectativa brasileira é sair do Mapa da Fome da FAO até 2026. Nós já estivemos fora dessa lista sombria, mas voltamos em 2021.
Em julho último, relatório da ONU mostrou que a insegurança alimentar severa no Brasil caiu 85% em 2023. Mesmo assim, ainda há 14 milhões de pessoas afetadas por essa chaga. Uma vergonha para um dos principais produtores de alimento do planeta.
Obviamente que há uma grande diferença entre assinar um pacto, como o da Aliança Global, e colocá-lo em prática. Mas os signatários do documento — pelo menos a imensa maioria deles — parecem mesmo comprometidos em combater efetivamente essas calamidades. Esperemos que esse compromisso não seja apenas mais uma obra de ficção.