FUTEBOL

O risco do goleiro moderno

Estilo de jogo com mais participação na linha de campo pode aumentar os riscos de lesões entre os goleiros

"Goleiro tem que saber jogar com os pés". A revolução liderada pelo colombiano Higuita, o paraguaio Chilavert e o brasileiro Rogério Ceni no passado virou mantra na pós-modernidade do futebol depois da revolução consolidada por Neuer na campanha do tetra da Alemanha na Copa do Mundo de 2014.

Discurso bonito no papel, mas arriscado na prática. Cresce a quantidade de lesões dos goleiros. Antes, a chance de eles se machucarem era cinco vezes menor comparada com os colegas de linha. A demanda pela participação do goleiro no jogo reduz a distância. Antes, a maioria das contusões era causada por traumas. Os novos diagnósticos apontam lesões musculares e até ligamento cruzado. os donos das luvas viraram praticamente zagueiros, líberos, goleiro-linha. Resultado: recentemente, o departamento médico dos clubes europeus lotou.

O Real Madrid tem atuado sem Courtois. O ucraniano Lunin o substitui. Em agosto do ano passado, o belga sofreu grave lesão no ligamento cruzado anterior em um treino. Voltou em março, rompeu o menisco e voltou à mesa de cirurgia. Retornou na conquista da Champions League contra o Borussia Dortmund, em Wembley. Courtois ainda não jogou em 2024/2025. Lesões musculares o impedem de reassumir a trave do time merengue há três meses.

O Barcelona perdeu Ter Stegen em setembro. O goleiro alemão sofreu ruptura completa do tendão patelar do joelho direito. A estimativa indica o retorno na próxima temporada. Ex-titular da Holanda, Cillessen reapareceu recentemente no Las Palmas após pausa para tratamento de uma lesão muscular.  

Na Inglaterra, o Liverpool se vira sem Alisson, vítima de lesão no tendão da coxa. O brasileiro eleito melhor do mundo em 2019 segue em recuperação. O Boavista de Portugal perdeu os goleiros João Gonçalves e Luis Pires por causa de ligamento cruzado anterior. Ruptura fibrilar mandou Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt) à maca. Ruptura de ligamento tirou Jan Olshowsky (Borussia Monchengladbach) de combate.

Diretor da Clínica Ripoll y De Prado, um dos centro de excelência da Fifa, o médico Pedro Luis Ripoll alerta em artigo recente publicado no diário Marca para o risco do crescimento de contusões em goleiros. Antes, a preocupação era somente com os homens de linha. "A exigência do calendário incide sobre os goleiros. Aumenta a exposição e o risco de lesão. O novo perfil dos goleiros também influencia", alerta o doutor.

"Os goleiros são cada vez mais protagonistas com a bola, têm muita influência no jogo com os pés e com um raio de ação mais amplo quanto aos movimentos. Participam mais, chutam mais correm e são obrigados a dar mais arrancadas, sprints. Os movimentos e o campo de ação aumentaram e os riscos também. É preciso levar em conta a característica de cada um", alerta Pedro Ripoll. Se um grande time começa por um grande goleiro, cuide bem do seu amor.

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