Opinião

Visão do Correio: Furto de fios muda rotina das cidades

Crime tem sido recorrente nas cidades do país, com prejuízos financeiros para os órgãos públicos, instituições privadas e também para o bolso dos brasileiros.

O furto de cabos de cobre se tornou um tormento tanto para distribuidoras de energia e operadoras de telefonia quanto para os consumidores em todo o país. Além da falta de energia que afeta residências e empresas de modo geral, o ato criminoso dificulta a comunicação por meio de celulares e o funcionamento das estações de tratamento de água, entre outras complicações. Esse tipo de crime tem sido recorrente nas cidades do país, com prejuízos financeiros para os órgãos públicos, instituições privadas e também para o bolso dos brasileiros. 

O Distrito Federal registra de forma recorrente ocorrências de roubo de cabos de cobre. No ano passado, a companhia Neoenergia teve um um rombo de R$ 2,7 milhões devido aos danos causados por esse tipo de crime. Em 31 de outubro último, policiais civis, sob orientação da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais, após um ano de investigação, saíram em campo para cumprir 21 mandados de prisão, 48 de busca e apreensão, arresto e sequestro de bens. No total, foram bloqueados R$ 5,7 milhões em contas bancárias vinculadas aos investigados. 

O objetivo era  desmontar uma quadrilha especializada em furto de cabos de transmissão de dados, telefônico e de energia elétrica, e de lavagem de dinheiro na capital federal. Os policiais miraram também em empresários receptadores do material roubado. Na operação, pelo menos 13 integrantes do bando foram presos — entre eles, empresários.  

Ficou bem claro que o furto de cabos de cobre não é atividade de moradores em situação de rua ou em condições de absoluta vulnerabilidade socioeconômica, quase sempre apontados como autores. Nas operações realizadas no DF e em outras unidades da Federação, os agentes buscam empresários. Receptadores do produto furtado que têm noção do valor do cobre e se deixam dominar pela cobiça desenfreada.

Minas Gerais também é um dos estados em que os roubos de cabos provoca sérios problemas para as empresas e a população. No início deste ano,  uma operação da Polícia Militar conseguiu recuperar seis toneladas de fios de cobre na região metropolitana de Belo Horizonte. Na operação, sete homens foram presos e um adolescente apreendido. Levantamento da Light mostra que, no Rio de Janeiro, o furto de cabos de energia aumentou 160% de 2022 para 2023, 6 mil metros de fio contra 16 mil. 

Ainda que os agentes das forças de segurança sejam eficientes, o furto de cabos de cobre ou mineral complica a rotina de uma cidade inteira. Comércios, serviços — públicos e privados — e atividades diversas têm o funcionamento interrompido. Em hospitais e clínicas, a situação é bem mais grave, pois há pessoas em risco de morte.

Em 2022, diante da paralisação do metrô no DF, a senadora Leila Barros apresentou projeto de lei dispondo sobre o aumento da pena para os ladrões de cabos de cobre e de outros minerais que comprometam os serviços públicos. O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas segue parado na Câmara dos Deputados. 

Ainda que uma lei mais rigorosa não seja suficiente para eliminar essa prática, trata-se de medida que não pode ser ignorada para inibir esses atos criminosos. A população pode colaborar com as autoridades das forças de segurança, denunciando atividades suspeitas na rua ou em áreas próximas da sua residência ou do trabalho. As forças de segurança, por sua vez, devem apostar cada vez mais no trabalho investigativo para chegar aos líderes das quadrilhas que lucram às custas dos apagões que ameaçam a vida e a rotina dos brasileiros.

 

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