VISÃO DO CORREIO

Saúde auditiva no tom adequado

A previsão da Organização Mundial da Saúde reflete o momento que vivemos: cerca de 25% da população mundial apresentará algum grau de perda auditiva em 2050

Não há como negar que somos um país barulhento. Seja pelo som produzido pelo motor dos ônibus, das motos, dos carros, das fábricas e seus equipamentos, seja pelo próprio comportamento do brasileiro — que, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, costuma fazer barulho. E o corpo sofre com isso. 

A previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) reflete o momento em que vivemos: cerca de 25% da população mundial apresentará algum grau de perda auditiva em 2050. E, ao contrário de antigamente — em que a tecnologia ainda dava seus primeiros passos e, talvez por isso, os principais afetados eram os idosos —, atualmente um mau hábito ameaça a saúde auditiva dos brasileiros de diferentes faixas etárias, principalmente os mais jovens: o uso de fones de ouvido.

Cada vez menores e mais "interiorizados" ao nosso organismo, os fones chamados auriculares viraram febre entre os mais jovens. Uns são de silicone e até se adaptam a cada orelha, isolando o ruído externo. Se a tecnologia ajuda no quesito informação, interatividade e entretenimento, peca ao produzir sons de alta intensidade.

E alguns danos são irreversíveis. Se o uso de fones for em volumes altos e tempo prolongado — tanto em termos de horas por dia quanto de meses ou anos —, o prejuízo às células auditivas é cumulativo. Essas estruturas vibram intensamente diante de qualquer som alto, e o excesso de vibração faz com que a vida útil delas seja reduzida. No caso do ouvido interno, as células não regeneram, podendo levar à surdez.

Em 2022, a OMS emitiu um novo padrão internacional para audição segura em locais e eventos, de 100 decibéis. A agência das Nações Unidas define como poluição sonora ruídos acima de 65 decibéis. No caso das crianças, além de volumes reduzidos, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda os fones maiores, que abafam o som, mas apenas por duas horas por dia.

Já com relação aos idosos, é importante que as famílias os observem, considerando que é difícil que o próprio indivíduo perceba que esteja acometido por algum grau de  deficiência auditiva. Televisão em volume elevado, dificuldade em ouvir conversas e hábito de pedir para repetir determinadas frases são sinais consideráveis de perda de audição.

O que preocupa os especialistas é justamente perceber os sinais e não fazer nada a respeito. Ao identificar os sintomas precocemente, é possível tratar e evitar uma predisposição ao desenvolvimento de distúrbios mais graves, como a demência precoce, que pode ser provocada pela falta de estímulos auditivos. No Dia Nacional de Combate à Surdez, neste domingo, portanto, fica a reflexão: estamos cuidando de nossos ouvidos?

 

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