Saúde

AVC: como combater a principalcausa de morte no Brasil

Desde 2019, o AVC ultrapassa doenças cardiovasculares, como o infarto, como a principal causa de morte no país. Até agosto de 2024, mais de 50 mil brasileiros perderam a vida em decorrência dessa condição, segundo dados de atestados de óbito

ANA KARINY BEZERRA  — Neurologista e coordenadora de Neurologia do Hospital Anchieta, que pertence à rede Kora Saúde  

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo, e a situação no Brasil é ainda mais alarmante. Desde 2019, o AVC ultrapassa doenças cardiovasculares, como o infarto, como a principal causa de morte no país. Até agosto de 2024, mais de 50 mil brasileiros perderam a vida em decorrência dessa condição, segundo dados de atestados de óbito. A probabilidade de ser afetado é considerável: um a cada quatro indivíduos ao redor do mundo terá um AVC ao longo da vida, conforme estimativas da Sociedade Brasileira de AVC.

Esses números ressaltam a urgência em reforçar outubro como o mês oficial de conscientização e prevenção do Acidente Vascular Cerebral. O Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, vem com a proposta de destacar o papel da prevenção e de promover hábitos saudáveis, com um enfoque especial na prática de atividades físicas e esportes como ferramentas para reduzir o risco. Esse enfoque torna o tema mais leve e promove benefícios para a saúde de maneira geral, contribuindo não apenas para o bem-estar do cérebro, mas de todo o corpo.

O AVC ocorre quando há uma interrupção no fluxo de sangue para uma região do cérebro, provocando a morte de células cerebrais e o comprometimento de várias funções do organismo. Esse quadro é classificado em duas formas principais: o AVC isquêmico, causado por um bloqueio no fluxo sanguíneo, e o AVC hemorrágico, que acontece quando um vaso sanguíneo se rompe dentro do cérebro. Ambos podem trazer sequelas graves e exigem atenção médica imediata para minimizar danos.

Por mais séria que seja essa condição, a boa notícia é que muitos dos fatores de risco são modificáveis e, portanto, passíveis de controle. Sedentarismo, alimentação desequilibrada, consumo excessivo de álcool, tabagismo, hipertensão e diabetes são fatores que aumentam o risco de um AVC. Com mudanças simples, como adotar uma rotina de atividades físicas, manter uma alimentação balanceada e controlar o peso, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver a doença. 

Estudos mostram que a prática regular de atividades físicas é um dos métodos mais eficazes na prevenção do AVC. Os exercícios ajudam a controlar a pressão arterial, a glicose e os níveis de colesterol, além de reduzir o estresse, outro fator de risco relevante para doenças cardiovasculares. A recomendação geral é que adultos pratiquem pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana — o que equivale a pouco mais de 20 minutos por dia. Caminhadas, corridas leves, ciclismo e atividades aeróbicas são opções acessíveis que podem ser ajustadas para diferentes condições físicas e idades.

Esse incentivo à prática de esportes e exercícios físicos reflete um movimento crescente em várias partes do Brasil. No Distrito Federal, por exemplo, há uma extensa rede de áreas verdes e espaços destinados à prática esportiva, o que estimula a população a adotar o hábito de se movimentar regularmente. Com mais de 70 parques, o DF é uma das regiões brasileiras com mais academias por habitante, facilitando a adoção de uma rotina de exercícios. 

A mensagem das sociedades médicas e de saúde é clara: os cuidados preventivos no dia a dia podem salvar vidas. Pequenas mudanças, como incluir atividades físicas na rotina, adotar uma alimentação balanceada e evitar o fumo e o excesso de álcool, podem reduzir significativamente o risco de doenças graves, como o Acidente Vascular Cerebral. Com uma abordagem preventiva, protegemos a nossa própria saúde e a das pessoas que amamos, ao mesmo tempo em que contribuímos para a diminuição tanto das sequelas quanto das taxas de mortalidade relacionadas à doença.

O AVC não escolhe idade, gênero ou classe social. Ele pode afetar qualquer pessoa, de qualquer lugar, a qualquer momento. Por isso, a conscientização e a prevenção são fundamentais. O conhecimento sobre os sinais de alerta, como fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar e perda de visão, é vital para que se busque ajuda médica de imediato. Quanto mais rápida for a resposta ao AVC, maior a chance de limitar suas consequências. Os primeiros minutos e horas são críticos para minimizar os danos, uma vez que o tratamento rápido pode salvar vidas e reduzir a gravidade das sequelas.

Assim, o Dia Mundial do AVC não se limita a promover a prevenção por meio da atividade física; ele também incentiva que as pessoas compartilhem informações, aprendam sobre os sinais e sintomas e se conscientizem sobre a importância do tratamento imediato. O conhecimento é uma ferramenta poderosa e tem o potencial de salvar vidas.

Nos hospitais da Kora Saúde, rede da qual o Anchieta faz parte, o slogan é simples e direto: "O suor de hoje é a saúde de amanhã". Compartilhar essa mensagem de conscientização é um ato simples que pode fazer uma diferença imensa na vida de muitos.


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