Esporte

SAFs conquistam a América

A solução para evitar a hegemonia brasileira, principalmente na Libertadores, está na abertura do capital dos clubes aos investidores estrangeiros

Ronaldo, ex-dono da SAF, e o atual, o empresário Pedro Lourenço: os responsáveis pela ressurreição do Cruzeiro depois do rebaixamento para a segunda divisão em 2019 -  (crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Ronaldo, ex-dono da SAF, e o atual, o empresário Pedro Lourenço: os responsáveis pela ressurreição do Cruzeiro depois do rebaixamento para a segunda divisão em 2019 - (crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

A América do Sul está diante de um cenário inédito. Pela primeira vez, os dois principais torneios do continente podem ser conquistados por por Sociedades Anônimas do Futebol. O Cruzeiro tentará ser a primeira SAF campeã da Copa Sul-Americana na decisão de hoje contra o Racing da Argentina, às 17h, no Estádio General Pablo Rojas, em Assunção, no Paraguai. O título da Libertadores já é de uma SAF. Atlético-MG e Botafogo adotam o modelo de gestão.

Se o Cruzeiro derrotar o Racing hoje, a Recopa Sul-Americana será decidida entre duas SAFs em 2025. Os olhos dos outros nove países filiados à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) estão se abrindo para a possibilidade de uma nova ordem econômica.

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A solução para evitar a hegemonia brasileira, principalmente na Libertadores, está na abertura do capital dos clubes aos investidores estrangeiros. O mecenas do Cruzeiro foi Ronaldo e hoje é Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH. John Textor é dono da Eagle Football, a rede multi-clubes proprietária do Botafogo, do Lyon da França e o do RWD Molenbeek da Bélgica. Os empresários Rubens Menin, Ricardo Guimarães, Renato Salvador e Rafael Menin turbinam a Galo Holding.

A Argentina deu aval para a criação das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs) na tentativa de fortalecer os clubes do país e interromper a dinastia dos clubes brasileiros no continente.

Os dirigentes de clubes do país vizinho interpretam o seguinte: um dos antídotos para voltar a peitar os times daqui é escancarar a receita das equipes de lá ao capital externo. A queda de braço com o governo do presidente Javier Milei é duríssima, porém o fiasco do River na tentativa de disputar a final da Libertadores em casa, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, pode ter representado o capítulo final das discussões para acabar com a quebradeira.

A Libertadores testemunha uma sequência de títulos semelhante à da Inglaterra na história da Champions League, chamada anteriormente de Copa dos Campeões da Europa. Os britânicos empilharam seis títulos consecutivos com Liverpool (1977, 1978 e 1981), Nottingham Forest (1979 e 1980) e Aston Villa (1982). A hegemonia só caiu em 1983 com a conquista do Hamburgo da Alemanha contra a Juventus.

O Brasil igualará o feito inglês na Libertadores com requintes de crueldade no próximo sábado, no Monumental de Núñez. Flamengo (2019), Palmeiras (2020 e 2021), Flamengo (2022), Fluminense (2023) e Atlético ou Botafogo (2024) completarão seis títulos.

Que contraste entre as nações vizinhas! A Argentina é atual campeã da Copa do Mundo, bi da Copa América e os times do país não ganham a Libertadores desde 2018. O Brasil chegará ao Mundial de 2026 com 24 anos de jejum, porém os times do país reinam na Libertadores há seis temporadas tanto nos modelos SAF como associativos.

postado em 23/11/2024 05:00
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