A América do Sul está diante de um cenário inédito. Pela primeira vez, os dois principais torneios do continente podem ser conquistados por por Sociedades Anônimas do Futebol. O Cruzeiro tentará ser a primeira SAF campeã da Copa Sul-Americana na decisão de hoje contra o Racing da Argentina, às 17h, no Estádio General Pablo Rojas, em Assunção, no Paraguai. O título da Libertadores já é de uma SAF. Atlético-MG e Botafogo adotam o modelo de gestão.
Se o Cruzeiro derrotar o Racing hoje, a Recopa Sul-Americana será decidida entre duas SAFs em 2025. Os olhos dos outros nove países filiados à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) estão se abrindo para a possibilidade de uma nova ordem econômica.
A solução para evitar a hegemonia brasileira, principalmente na Libertadores, está na abertura do capital dos clubes aos investidores estrangeiros. O mecenas do Cruzeiro foi Ronaldo e hoje é Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH. John Textor é dono da Eagle Football, a rede multi-clubes proprietária do Botafogo, do Lyon da França e o do RWD Molenbeek da Bélgica. Os empresários Rubens Menin, Ricardo Guimarães, Renato Salvador e Rafael Menin turbinam a Galo Holding.
A Argentina deu aval para a criação das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs) na tentativa de fortalecer os clubes do país e interromper a dinastia dos clubes brasileiros no continente.
- Leia também: A parceria estratégica entre Brasil e China
Os dirigentes de clubes do país vizinho interpretam o seguinte: um dos antídotos para voltar a peitar os times daqui é escancarar a receita das equipes de lá ao capital externo. A queda de braço com o governo do presidente Javier Milei é duríssima, porém o fiasco do River na tentativa de disputar a final da Libertadores em casa, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, pode ter representado o capítulo final das discussões para acabar com a quebradeira.
A Libertadores testemunha uma sequência de títulos semelhante à da Inglaterra na história da Champions League, chamada anteriormente de Copa dos Campeões da Europa. Os britânicos empilharam seis títulos consecutivos com Liverpool (1977, 1978 e 1981), Nottingham Forest (1979 e 1980) e Aston Villa (1982). A hegemonia só caiu em 1983 com a conquista do Hamburgo da Alemanha contra a Juventus.
O Brasil igualará o feito inglês na Libertadores com requintes de crueldade no próximo sábado, no Monumental de Núñez. Flamengo (2019), Palmeiras (2020 e 2021), Flamengo (2022), Fluminense (2023) e Atlético ou Botafogo (2024) completarão seis títulos.
Que contraste entre as nações vizinhas! A Argentina é atual campeã da Copa do Mundo, bi da Copa América e os times do país não ganham a Libertadores desde 2018. O Brasil chegará ao Mundial de 2026 com 24 anos de jejum, porém os times do país reinam na Libertadores há seis temporadas tanto nos modelos SAF como associativos.