OPINIÃO

Visão do Correio: Urbanização e desequilíbrio

Repensar os movimentos de expansão e de modernização das cidades pelo país, especialmente das metrópoles, é uma atitude crucial na atualidade

Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontrou 12.348 favelas, onde vivem 16.390.815 pessoas, o que equivale a 8,1% da população. -  (crédito: Flickr Andreas Nilsson)
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontrou 12.348 favelas, onde vivem 16.390.815 pessoas, o que equivale a 8,1% da população. - (crédito: Flickr Andreas Nilsson)

Marcado por contrastes, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para solucionar suas questões sociais. Nesse rol de tantas diferenças, a urbanização não é uma exceção e se mostra com desequilíbrio por todo o território nacional. A dinâmica urbana nos municípios brasileiros, na grande maioria dos casos, atropela o planejamento e vai avançando sem as condições ideais. Repensar os movimentos de expansão e de modernização das cidades pelo país, especialmente das metrópoles, é uma atitude crucial na atualidade.

O aumento da população urbana no Brasil se consolidou a partir da segunda metade do século 20, com a explosão demográfica e as moradias em áreas rurais perdendo espaço. Residir nas cidades passou a ser uma condição com a industrialização, mas o fato não recebeu a atenção adequada. As localidades cresceram de maneira desordenada — o que segue acontecendo.

Há poucos dias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Censo Demográfico 2022. O levantamento encontrou 12.348 favelas, onde viviam 16.390.815 pessoas, o que equivalia a 8,1% da população. Em 2010, eram 6.329 comunidades com 11.425.644 moradores ou 6% dos brasileiros naquele ano.

Além desses cenários específicos apontados no estudo do IBGE, a ampliação dos municípios se apresenta de diversas formas, como a verticalização cada vez mais presente. Assim, o desafio é dar respostas aos problemas naturais decorrentes desse processo.

A ausência de cuidados — muitos deles básicos — afeta o cotidiano urbano pelo país. A própria pesquisa do IBGE revelou que entre os 958.251 estabelecimentos encontrados nas favelas, 7.896 eram de ensino, 2.792 de saúde e 50.934 religiosos. Proporcionalmente, havia 18,2 locais ligados a religiões para cada ponto de saúde e 6,5 para cada organismo educacional. Esse recorte evidencia a precariedade na oferta de serviços públicos nessas comunidades, que ainda sofrem com a falta de infraestrutura, transporte e segurança. Em outros ambientes dos municípios, questões urgentes também se acumulam, principalmente em locais onde há carência financeira.

Apesar das possibilidades proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico, demandas como fornecimento de água e energia elétrica, saneamento, coleta de lixo, abastecimento de produtos e mobilidade, entre outras, persistem nos grandes aglomerados. As mudanças climáticas, com os eventos extremos se intensificando, elevam o perigo diante da precariedade das cidades.

Produzir estatísticas que possam contribuir para a formulação de políticas assertivas na melhoria dos centros urbanos, baseadas em evidências, é uma medida a ser adotada pelos governos, órgãos de controle e instituições. O país não pode mais conviver com intervenções paliativas, que consomem verbas e não resolvem definitivamente as falhas.

As condições de vida dos cidadãos devem ser prioridade para as administrações governamentais. A urbanização possui amplos aspectos sociais e ambientais, e garantir espaços eficientes é uma tarefa que precisa ser abraçada por todos os brasileiros.

postado em 18/11/2024 06:00
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