Em meio à mobilização para fazer o Brasil recuperar as altas coberturas vacinais, tivemos excelentes notícias nesta semana. Mas também surgiu uma grave denúncia, que atinge a atual gestão do Ministério da Saúde.Comecemos pela vitória, como a divulgada, na terça-feira, de que o Brasil recebeu a certificação de país livre do sarampo — documento entregue pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A entidade também reconheceu o fim da rubéola e da síndrome da rubéola congênita por aqui.
Em relação ao sarampo, na verdade, retomamos esse status, perdido em 2019 por causa da baixa cobertura vacinal, o que permitiu a reintrodução do vírus no nosso território. A intensificação das campanhas de imunização e o combate ao movimento antivacina foram algumas das ações que levaram a esse triunfo sobre a doença, uma das principais causas de mortes infantis no passado.
Na última segunda-feira, a confirmação de outro êxito. O Brasil foi contemplado pela Opas e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o certificado de país livre da filariose linfática, conhecida como elefantíase. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, destacou o feito: "Parabenizo o Brasil pelo esforço para livrar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, deformadora, incapacitante e estigmatizante".
Mas nem tudo foi boa notícia. Segundo reportagem de O Globo, publicada ontem, o ministério deixou vencer 58,7 milhões de imunizantes no ano passado — três em cada quatro doses eram contra a covid-19. Um prejuízo, segundo o jornal, de R$ 1,75 bilhão.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi questionada sobre o assunto, em audiência na Câmara ontem. Disse ela que o atual governo recebeu, da gestão anterior, estoques de vacinas próximos do vencimento. Afirmou, ainda, que, graças aos esforços da pasta, foi possível evitar uma perda maior de doses.
Outro ponto abordado pela ministra foi o negacionismo do governo passado, que tentava demover as pessoas de se vacinarem contra a covid-19 e de levarem os filhos para receber a proteção. Aliado a isso, há a percepção errônea de parte da população de que a enfermidade não oferece mais perigo, portanto, não procura mais se imunizar.
Nísia Trindade já mostrou que é uma pessoa séria e comprometida com a missão de melhorar a saúde pública do país. Com ela no comando, o ministério tem enfrentado as fakes news sobre imunizantes, procurado conscientizar a população a respeito da segurança e da importância das vacinas e reerguido o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mas é preciso esclarecer, sim, quem são, de fato, os culpados por milhões de doses desperdiçadas. Um prejuízo imenso à saúde e aos cofres públicos.