Opinião

Barra 68 — Sem perder a ternura

Irlam Rocha Lima relembra artigo escrito para homenagear os 80 anos do premiado documentarista Vladimir Carvalho

Filme incluído na programação da mostra que homenageia os 80 anos do premiado documentarista Vladimir Carvalho, que ocorre de 9 de abril a 11 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, Barra 68 — Sem perder a ternura será objeto de debate neste sábado (29/10), às 19h30, no canal da Associação Brasileira de Imprensa no YouTube. Além do diretor, haverá a participação de Sílvio Tendler, Dermeval Netto e Maria do Rosário Caetano, tendo Ricardo Cotta como mediador, sob a coordenação de Zezé Sack.

O documentário resgata as agressões sofridas pela Universidade de Brasília (UnB) desde o golpe de 1964 até os acontecimentos de 1968, quando tropas militares ocuparam o campus, prenderam e atiraram em estudantes. Quatrocentos deles foram detidos numa quadra de esportes, próxima ao Restaurante Universitário. Narrado pelo ator Othon Bastos, o filme traz depoimentos de Oscar Niemeyer, Roberto Salmeron, do ex-reitor José Carlos Azevedo, Cacá Diegues, Jean-Claude Bernardet, Ana Miranda, Marcos Santilli, de familiares de Honestino Guimarães, entre outros. Barra 68 recebeu premiação nos festivais de cinema de Brasília, Fortaleza e Recife e foi selecionado nos festivais de São Paulo, Havana e Friburgo (Suíça).

Sobre Barra 68, Vladimir Carvalho falou com exclusividade para o Trilha Sonora. "Cheguei em Brasília em 1970, decidi e logo quis me fixar aqui. Pude perceber, na cidade, amplas temáticas para serem exploradas por um documentarista. Como professor de cinema da UnB, recebi de um aluno, o Miguel Freire, uma fita de 16 milímetros de Hermano Penna sobre a detenção de 400 alunos numa quadra de basquete da universidade, quando da invasão de forças militares e policiais em 1968. Vi ali a possibilidade de produzir o documentário feito entre 1999 e 2000. Barra 68 é um documentário de muita relevância em minha obra".

Ao reproduzir o artigo publicado no Trilha Sonora, blog que mantive, por algum tempo, hospedado no Correio Braziliense, reverencio o grande documentarista, professor e intelectual Vladimir Carvalho, que partiu para outra dimensão quinta-feira última, deixando muita saudade e um precioso legado.

 


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