Eleições 2024

2026 é logo ali

O PSD de Gilberto Kassab sai muito fortalecido dessa disputa, trazendo consigo a vitória em primeiro turno de Eduardo Paes no Rio de Janeiro e a chance de conquistar até seis novas prefeituras no próximo domingo, inclusive Belo Horizonte e Curitiba

Orlando Thomé Cordeiro — Consultor em estratégia

Neste domingo, teremos a disputa de segundo turno em 51 municípios, entre eles, 15 capitais, mas o resultado do primeiro turno trouxe algumas confirmações e a indicação de algumas tendências. Mesmo nos 103 locais com possibilidade de segundo turno, por terem mais de 200 mil eleitores, em pouco mais da metade (52), a parada foi resolvida dia 6 de outubro.

Como apontamos na coluna publicada dia 26 de janeiro deste ano, na imensa maioria dos 5.569 municípios, a polarização nacional não teve peso no voto do eleitor, tendo sido preponderante a discussão de temas locais, bem como a imagem de candidatos e candidatas. Com raras exceções, quem tentou nacionalizar o debate nessas cidades não obteve êxito, até porque, na eleição municipal, a nacionalização interfere, mas não decide.

Outra característica previamente registrada e também validada era o favoritismo à reeleição de prefeitos e prefeitas com avaliações altamente positivas de seus mandatos. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios, de 3.006 que concorreram, 2.444 foram reeleitos, um percentual superior a 81% de sucesso nas urnas.

Porém, na alta velocidade que marca os tempos atuais, tudo isso é passado. O importante agora é extrair informações e dados que permitam identificar as tendências que marcarão os próximos movimentos políticos com vistas às eleições gerais de 2026.

Quando se olha para o conjunto das prefeituras, é notória a predominância de candidaturas vitoriosas vinculadas a partidos de centro, centro-direita e de direita. Tomando por base a quantidade de municípios em ordem decrescente, combinado com a de vereadores eleitos, temos o seguinte quadro: PSD — 877, com 6.625 vereadores; MDB — 846, com 8.114 vereadores; PP — 743, com 6.953 vereadores; União Brasil — 578, com 5.490 vereadores; PL — 509, com 4.961 vereadores; Republicanos — 430, com 4.649 vereadores. O total representado por esses seis partidos é de 3.983 municípios, com 37.242 vereadores.

Por esse mesmo critério, os partidos de esquerda e centro-esquerda tiveram o seguinte desempenho: PSB — 307, com 3.593 vereadores; PT — 248, com 3.130 vereadores; PDT — 148 com 2.503 vereadores; PCdoB — 19 com 354 vereadores; Rede — 4, com 172 vereadores; PSol — 0, com 80 vereadores. O total representado por esses seis partidos é de 726 municípios, com 9.832 vereadores.

Outra maneira de avaliar é verificar pelo total de votos obtidos, medidos em milhões. Nesse cenário, em ordem decrescente, temos o seguinte para o primeiro grupo de partidos: PL — 15,7; PSD — 14,5; MDB — 14,4; União Brasil — 11,3; PP - 9,9; Republicanos — 7,4. O total de votos nesses seis partidos foi de 73,2 milhões.

Já no segundo grupo, os números, em ordem decrescente, são: PT — 8,9; PSB — 6,5; PDT — 3,2; PSol — 2,6; PCdoB — 0,3; Rede — 0,1. O total de votos nesses seis partidos foi de 21,6 milhões.

Considerando as duas formas de apuração e fazendo a proporção entre os dois grupos, o primeiro vai administrar 5,5 vezes mais prefeituras, com 3,8 vezes o número de vereadores e tendo obtido 3,4 vezes mais votos. É uma vantagem gigantesca!

Porém, se é correto afirmar que política eleitoral tem ciência, há que se reconhecer que não se trata de ciência exata. Por isso, não se pode projetar 2026 apenas com base nos números acima, sendo fundamental perceber os movimentos dessas agremiações e de suas principais lideranças.

Nesse sentido, o PSD de Gilberto Kassab sai muito fortalecido dessa disputa, trazendo consigo a vitória em primeiro turno de Eduardo Paes no Rio de Janeiro e a chance de conquistar até seis novas prefeituras no próximo domingo, inclusive Belo Horizonte e Curitiba. Outra liderança política que se cacifou é Tarcísio Freitas, principal responsável por levar Ricardo Nunes ao segundo turno, com reais chances de vitória.

É possível, e também provável, que, nos próximos meses, assistamos aos movimentos para criação de federações partidárias, unindo, por exemplo, PSD e MDB, ou ainda União Brasil, PP e Republicanos. Ao darem esses possíveis passos, estão pavimentando o caminho para se colocarem como atores relevantes nas negociações com os dois polos principais no país: Lula, pelo PT, e Bolsonaro, pelo PL. Além disso, tendem a abrigar futuras candidaturas de viés conservador ao Senado Federal, que renovará dois terços de sua atual composição nas próximas eleições gerais.

Mudando o ponto de vista, é importante analisarmos o quadro de lideranças políticas que emergiram considerando o aspecto geracional. Afinal, o tempo passa para todos.

 

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