Opinião

Sim, eles aceitam seleções!

A Inglaterra propõe o debate ao anunciar a contratação do alemão Thomas Tuchel para comandar um dos elencos mais badalados do mundo, porém incapaz de quebrar jejum

Técnicos de ponta da Europa, especialmente os campeões da Champions League, não curtem a ideia de comandar seleções. Verdadeiro ou falso? A Inglaterra propõe o debate ao anunciar a contratação do alemão Thomas Tuchel para comandar um dos elencos mais badalados do mundo, porém incapaz de quebrar jejum. Se você acha 24 anos muito tempo de abstinência do Brasil à caça do hexa, saiba que Bellingham e companhia irão à Copa de 2026, se passarem pelas Eliminatórias, óbvio, com 60 anos de fardo nas costas. O único título é aquele polêmico de 1966.

Thomas Tuchel levou o Chelsea ao título da Liga dos Campeões em 2021. Antes, havia sido vice pelo PSG em 2020. Perdeu a Orelhuda para o Bayern de Munique sabe de quem? Hansi Flick, técnico da Alemanha na Copa de 2022.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, sonhou com Pep Guardiola e Carlo Ancelotti. A turma do contra dizia que técnicos desse nível sentem-se entediados com seleções. Não é bem assim...

Alex Ferguson, por exemplo, comandou a Escócia na Copa de 1986 antes de virar o todo-poderoso líder do Manchester United nas conquistas da Champions League de 1999 e de 2008. Acumulava as pranchetas do Aberdeen e da Escócia. Perdeu para Alemanha, Dinamarca e Uruguai na fase de grupos.

Há quem assumiu seleção antes e após o sucesso em clubes. Vicente del Bosque topou guiar a Espanha depois dos oito títulos no Real Madrid. Dois na Champions, em 2000 e em 2002. Mudou a história de La Roja ao levá-la ao bi na Euro-2012 e à glória inédita na Copa de 2010, na África do Sul. Luis Enrique liderou a Espanha na Copa de 2022 sete anos depois de guiar o Barcelona ao penta continental em 2015 domando o trio MSN: Messi, Suárez e Neymar.

Louis van Gaal, mentor do Ajax de 1995, aventurou-se em duas Copas pela Holanda. Foi terceiro no Brasil em 2014, e quinto em 2022. Mentes brilhantes dos êxitos do Feyenoord (1970) e do Ajax (1971), Ernst Happel e Rinus Michels levaram o Carrossel Holandês ao vice na Copas de 1974 e de 1978.

O italiano Fabio Capello empilhou nove troféus no Milan, entre eles a Champions League de 1994, com goleada de 4 x 0 contra o Barcelona do técnico Johann Cruyff, de Romário e Stoichkov, mas também viveu a experiência de treinar a Inglaterra na Copa de 2010.

Bi da Liga dos Campeões em 1989 e em 1990, o revolucionário Arrigo Sacchi levou a Itália à final da Copa de 1994 contra o Brasil. Em 2002, Giovanni Trapattoni orientou a Squadra Azzurra depois do sucesso na Juventus em 1985. Campeão pelo PSV em 1988, Guus Hiddink brindou a Coreia do Sul com o terceiro lugar no mesmo Mundial.

O papo de que técnicos de ponta odeiam seleções é relativo. Tem mais a ver com antipatia de "Josés Mourinhos da vida". Vice da Champions em 2019 pelo Tottenham, Mauricio Pochettino assumiu os EUA. Eles estão abertos. Façam projetos e boas propo$tas.

 

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