» Amna Bint Abdullah Al Dahak, Ministra das Mudanças Climáticas e Meio Ambiente dos Emirados Árabes Unidos
A urgência da crise climática exige nossa atenção imediata, e seu impacto nos sistemas alimentares é inegável. Como enfatizei na recente reunião do G20 no Brasil, alcançar um equilíbrio sustentável em nossos sistemas alimentares é um imperativo. A população mundial está crescendo e os métodos tradicionais de agricultura e pesca estão lutando para acompanhar o ritmo da crescente demanda e das mudanças climáticas. O caminho a seguir é claro: a ciência e a tecnologia devem ser adotadas como ferramentas essenciais para garantir a segurança alimentar a todos.
Secas, inundações e padrões climáticos imprevisíveis estão interrompendo a produção agrícola em todo o mundo. A sobrepesca e o aumento da temperatura dos oceanos estão colocando em risco o delicado equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Não podemos encarar esses desafios isoladamente. A saúde do nosso planeta, nossos ecossistemas e nosso povo estão interligados.
Os Emirados Árabes Unidos, há muito tempo, abraçam a inovação para superar suas limitações ambientais. Nós nos tornamos um centro global de tecnologia agrícola (AgTech), soluções pioneiras como agricultura vertical, irrigação de precisão e culturas resistentes à seca. Essas tecnologias não estão só transformando a produção de alimentos dentro de nossa própria nação, mas também oferecendo um modelo para outras regiões com escassez de água ao redor do mundo.
Ao combinar a experiência dos Emirados Árabes Unidos em AgTech com a destreza do Brasil em áreas como gestão sustentável de terras e agricultura tropical, podemos desenvolver e implementar soluções inovadoras que beneficiam tanto nossas nações quanto o mundo em geral. Compartilhar conhecimento e melhores práticas em áreas como irrigação com eficiência hídrica, culturas resilientes ao clima e agricultura de precisão pode contribuir significativamente para a segurança alimentar global.
Por exemplo, a expertise dos Emirados Árabes Unidos em agricultura vertical, uma tecnologia que usa 70-95% menos água do que a agricultura tradicional, pode ser inestimável para os centros urbanos do Brasil. Da mesma forma, a experiência do Brasil em pecuária sustentável, particularmente em gerenciamento de emissões, pode ser benéfica para os esforços dos Emirados Árabes Unidos para aumentar sua produção doméstica de alimentos.
Durante nossa Presidência da COP28, 160 nações assinaram a Declaração dos Emirados Árabes Unidos sobre Sistemas Alimentares Resilientes, Agricultura Sustentável e Ação Climática. Este compromisso de alinhar os sistemas alimentares nacionais com as metas climáticas é uma prova do entendimento compartilhado de que a segurança alimentar é um desafio global que exige uma resposta global. O reconhecimento desta declaração pelo Grupo de Trabalho Agrícola do G20 ressalta a importância da cooperação multilateral.
Em parceria com os Estados Unidos, lançamos o AIM for Climate, que visa mobilizar investimentos globais em agricultura climaticamente inteligente, acelerando a P&D de soluções tecnológicas que podem ser compartilhadas e implementadas em todo o mundo. A participação do Brasil no AIM for Climate apresenta uma oportunidade de alavancar suas capacidades de pesquisa e vastas terras agrícolas para projetos piloto, novas tecnologias e troca de conhecimento.
A tecnologia por si só não é suficiente. Também precisamos investir em capital humano. Ao capacitar as gerações futuras com educação e treinamento em ciência agrícola, análise de dados e práticas de pesca sustentáveis, podemos equipá-las para se tornarem os solucionadores de problemas de amanhã. Os Emirados Árabes Unidos estão apoiando ativamente a próxima geração de produtores de alimentos por meio de parcerias com instituições acadêmicas líderes.
A colaboração em programas de educação e treinamento pode fortalecer ainda mais a parceria EAU-Brasil na agricultura. Programas de intercâmbio para estudantes e pesquisadores, workshops e plataformas de conhecimento podem promover uma nova geração de especialistas agrícolas equipados para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e da segurança alimentar.
Ao abraçar o poder da ciência e da tecnologia, fomentar a colaboração global e empoderar as gerações futuras, podemos construir sistemas alimentares resilientes e sustentáveis, capazes de nutrir nossa crescente população. Vamos trabalhar juntos para garantir que a segurança alimentar seja um direito desfrutado por todos, e estabelecer as bases para mais progresso na COP30 no Brasil no ano que vem.