Para quem não é negacionista, as informações de que faltam imunizantes em algumas cidades provocam apreensão, claro. Principalmente porque o país precisa, com urgência, reestabelecer as altas coberturas vacinais.
O Brasil, que sempre foi um exemplo para o mundo em vacinação, enfrentou anos de retrocessos, decorrentes da pandemia da covid-19, da percepção errônea da população de que algumas enfermidades não oferecem mais perigo; da falta de confiança nos imunizantes, motivada por informações falsas; e da ação de grupos antivacina.
O cenário ficou ainda mais preocupante porque enfrentamos quatro anos de um governo negacionista, que emitia sinais dúbios sobre imunização, o que demovia as pessoas de se vacinarem e de levarem os filhos para receber a proteção. Esses anos perdidos nos colocaram sob risco de ver a reintrodução de doenças que estavam erradicadas ou controladas por aqui, como poliomielite e sarampo.
Mas, com uma nova gestão no Ministério da Saúde, desde 2023, o Brasil voltou à luta para atingir a cobertura vacinal de ao menos 95%, patamar preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como seguro para a população. A pasta tomou uma série de medidas nesse sentido, como a multivacinação, com foco em crianças e adolescentes menores de 15 anos, campanhas massivas de comunicação e combate às fake news sobre imunizantes.
Por isso, causaram estranheza e inquietação as notícias sobre falta de vacinas. O ministério veio a público negar desabastecimento generalizado. Disse que faltaram imunizantes contra a covid-19 num curto período, entre 16 e 22 de outubro, devido ao vencimento das doses disponíveis.
Também enfatizou que, quando a nova gestão assumiu, havia um "desabastecimento generalizado de vacinas, como a covid pediátrica, BCG (tuberculose), Hepatite-B, Poliomielite oral e Tríplice Viral (sarampo, rubéola e caxumba)", por causa dos problemas no governo anterior e da carência de alguns desses imunizantes no mercado mundial.
A pasta informou que, para não deixar as crianças sem proteção, vacinas, como a Meningo-C e a DTP (difteria, tétano e coqueluche), foram substituídas por outras, como a Pentavalente e a Meningo-ACWY, respectivamente. E explicou que, contra varicela, foram comprados emergencialmente 2,7 milhões de doses, que devem ser entregues agora em novembro. Ainda no mês que vem, está prevista a chegada de 6,5 milhões de doses contra febre-amarela.
Como esta gestão do Ministério da Saúde tem se mostrado comprometida, de verdade, em fazer a sua parte para que o Brasil volte a atingir as altas coberturas vacinais, creio que conseguirá superar eventuais falhas e obstáculos nesse processo. Assim agem administrações responsáveis, que não se rendem ao negacionismo, tão nocivo à segurança da população.