Opinião

Sim, eles aceitam seleções!

A Inglaterra propõe o debate ao anunciar a contratação do alemão Thomas Tuchel para comandar um dos elencos mais badalados do mundo, porém incapaz de quebrar jejum

Thomas Tuchel comemora a conquista da Uefa Champions League em 2021 pelo Chelsea depois de superar o Manchester City de Pep Guardiola -  (crédito: SUSANA VERA / POOL/AFP)
Thomas Tuchel comemora a conquista da Uefa Champions League em 2021 pelo Chelsea depois de superar o Manchester City de Pep Guardiola - (crédito: SUSANA VERA / POOL/AFP)

Técnicos de ponta da Europa, especialmente os campeões da Champions League, não curtem a ideia de comandar seleções. Verdadeiro ou falso? A Inglaterra propõe o debate ao anunciar a contratação do alemão Thomas Tuchel para comandar um dos elencos mais badalados do mundo, porém incapaz de quebrar jejum. Se você acha 24 anos muito tempo de abstinência do Brasil à caça do hexa, saiba que Bellingham e companhia irão à Copa de 2026, se passarem pelas Eliminatórias, óbvio, com 60 anos de fardo nas costas. O único título é aquele polêmico de 1966.

Thomas Tuchel levou o Chelsea ao título da Liga dos Campeões em 2021. Antes, havia sido vice pelo PSG em 2020. Perdeu a Orelhuda para o Bayern de Munique sabe de quem? Hansi Flick, técnico da Alemanha na Copa de 2022.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, sonhou com Pep Guardiola e Carlo Ancelotti. A turma do contra dizia que técnicos desse nível sentem-se entediados com seleções. Não é bem assim...

Alex Ferguson, por exemplo, comandou a Escócia na Copa de 1986 antes de virar o todo-poderoso líder do Manchester United nas conquistas da Champions League de 1999 e de 2008. Acumulava as pranchetas do Aberdeen e da Escócia. Perdeu para Alemanha, Dinamarca e Uruguai na fase de grupos.

Há quem assumiu seleção antes e após o sucesso em clubes. Vicente del Bosque topou guiar a Espanha depois dos oito títulos no Real Madrid. Dois na Champions, em 2000 e em 2002. Mudou a história de La Roja ao levá-la ao bi na Euro-2012 e à glória inédita na Copa de 2010, na África do Sul. Luis Enrique liderou a Espanha na Copa de 2022 sete anos depois de guiar o Barcelona ao penta continental em 2015 domando o trio MSN: Messi, Suárez e Neymar.

Louis van Gaal, mentor do Ajax de 1995, aventurou-se em duas Copas pela Holanda. Foi terceiro no Brasil em 2014, e quinto em 2022. Mentes brilhantes dos êxitos do Feyenoord (1970) e do Ajax (1971), Ernst Happel e Rinus Michels levaram o Carrossel Holandês ao vice na Copas de 1974 e de 1978.

O italiano Fabio Capello empilhou nove troféus no Milan, entre eles a Champions League de 1994, com goleada de 4 x 0 contra o Barcelona do técnico Johann Cruyff, de Romário e Stoichkov, mas também viveu a experiência de treinar a Inglaterra na Copa de 2010.

Bi da Liga dos Campeões em 1989 e em 1990, o revolucionário Arrigo Sacchi levou a Itália à final da Copa de 1994 contra o Brasil. Em 2002, Giovanni Trapattoni orientou a Squadra Azzurra depois do sucesso na Juventus em 1985. Campeão pelo PSV em 1988, Guus Hiddink brindou a Coreia do Sul com o terceiro lugar no mesmo Mundial.

O papo de que técnicos de ponta odeiam seleções é relativo. Tem mais a ver com antipatia de "Josés Mourinhos da vida". Vice da Champions em 2019 pelo Tottenham, Mauricio Pochettino assumiu os EUA. Eles estão abertos. Façam projetos e boas propo$tas.

 

Tags

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 19/10/2024 06:00 / atualizado em 19/10/2024 09:53
x