Você, que me lê com frequência, já conhece minhas andanças. Saio por aí com certa regularidade em longas caminhadas na cidade que adotei, Brasília, pelas quadras e estradas, observando do mato à mente. É minha forma de meditação e de mergulho no silêncio tão necessário nos dias de hoje. O movimento do corpo ajuda o da alma. Já estive em caminhadas maiores, como quando trilhei um dos Caminhos de Santiago. Também sou adepta das peregrinações a lugares sagrados, onde reacendo minha fé e me reabasteço para mais um período de trabalho.
Recebi novo convite da Comunidade Católica Obra de Maria e da Canção Nova para visitar Lourdes, na França, e, depois, participar do 2º Congresso Mariano Internacional, em Fátima, Portugal, passando por outros lugares. Um roteiro que me lembra minha mãe e, assim, reconecta-me com o que há de mais doce e importante na minha memória. Wanda Dubeux era encantada com a história dos pastorinhos de Fátima — Lúcia, Jacinta e Francisco. Também por recomendação dela, ainda adolescente, assisti ao filme A Canção de Bernadette, de 1943, que venceu quatro Oscars. Também li o livro, um best-seller.
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Chegando ao hotel, em Lourdes, já me deparei com um imenso painel da adolescente Bernadette, declarada santa. Em 25 de fevereiro de 1858, Nossa Senhora pede a Bernadette que beba da água da fonte, coma as ervas do chão e depois o beije. A princípio, a filha dos Soubirous pensa que a "Dama", como ela chamava Maria, referia-se às águas do Rio Gave. Errado. Maria queria que Bernadette cavasse a terra para desenterrar a fonte dos milagres.
Lourdes é uma fonte milagrosa, o lugar da cura e da libertação, tem um dos santuários mais visitados do mundo. Já Fátima tem o santuário mais visitado do mundo. A busca da cura dos males do corpo e da alma pela fé diferencia quem está nesses lugares. Há quem vá turistar, é claro. Mas a energia do peregrino é de outra ordem. Ouvimos o Evangelho, as preleções, os testemunhos de brasileiros que moram no Brasil e outros que vivem na Europa. São como um colo quente, que nos dá o aconchego da fé.
A reunião com outros que partilham da mesma intenção de cura e proximidade com Jesus Cristo, Maria e Deus nos possibilita um encontro com nós mesmos, nossas fraquezas e com forças que, às vezes, ficam amortecidas. Ainda que a nossa vulnerabilidade esteja sempre presente, ela nos apresenta a humildade para nos reconhecermos de forma serena como aquele grãozinho de areia no Universo. A troca verdadeira é essa: transformar a nossa fragilidade numa espiral de forças capaz de nos levar vida afora com a coragem de acordar um dia após o outro e fazer o que precisa ser feito.
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