EDITORIAL

Visão do Correio: Brasileiros tristes, estressados e com raiva

No Brasil, apenas 31% dos trabalhadores se disseram engajados com a atividade que desempenham. País ocupa a sétima colocação nesse quesito

Ficar atento aos primeiros sinais do burnon é de extrema importância para evitar um adoecimento e esgotamento ainda mais sério
 -  (crédito: Reprodução Freepik)
Ficar atento aos primeiros sinais do burnon é de extrema importância para evitar um adoecimento e esgotamento ainda mais sério - (crédito: Reprodução Freepik)

Os trabalhadores brasileiros estão estressados, tristes e com raiva. Pelo menos é o que indica o estudo State of the Global Workplace 2024. O relatório anual elaborado pela consultoria Gallup mostra que, no Brasil, 46% dos profissionais estão estressados, 25%, tristes e 18%, com raiva em relação ao trabalho.

A pesquisa é robusta, com a participação de 128 mil funcionários de empresas de 160 países, ouvidos presencialmente ou por telefone. Globalmente, 41% dos trabalhadores afirmaram que sentiram estresse no dia anterior à entrevista, 21% tiveram raiva e 22%, tristeza.

Novamente, a posição brasileira desperta preocupação. O país ocupa o quarto lugar na América Latina em sentimentos de raiva e tristeza, o que evidencia um cenário vulnerável para a saúde mental. No caso do estresse, está em sétimo lugar.

Uma análise dos sentimentos por países mostra que a Bolívia lidera o ranking da tristeza no trabalho (32%), à frente de El Salvador e Jamaica —  empatados com 26% — e, logo depois, o Brasil (25%). No caso da raiva, os bolivianos também estão na frente (25%), seguidos por jamaicanos (24%),  peruanos (19%) e brasileiros (18%). Uruguaios e mexicanos aparecem nas últimas posições de raiva, com 9% e 7%, respectivamente.

Na categoria estresse, embora o Brasil tenha ficado em sétimo lugar, 46% dos trabalhadores apontaram a condição, sendo que a Bolívia, pela terceira vez, ocupa a primeira posição (55%. República Dominicana e Costa Rica ocupam o segundo e o terceiro lugares (51%), Equador e El Salvador (50%), o quarto e o quinto, e Peru, o sexto (48%).

Diante desse panorama nada incentivador, a Gallup calculou o custo do baixo engajamento dos funcionários na economia global. A perda é de US$ 8,9 trilhões, o que corresponde a 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Esse engajamento é uma combinação de envolvimento e entusiasmo dos colaboradores, desempenhando adequadamente suas funções nos locais de trabalho. 

No Brasil, apenas 31% dos trabalhadores se disseram engajados, e o país ocupa a sétima colocação nesse quesito. Na frente, estão  El Salvador (41%), Panamá (35%), Costa Rica (34%), República Dominicana (33%), México (31%) e Guatemala (31%).  

Os dados indicam que assistimos à combinação de fatores de alerta,  como sobrecarga de trabalho, altos picos de estresse, falta de reconhecimento e dificuldades em equilibrar os aspectos pessoais e profissionais e a incerteza de um futuro próspero.

 Um estudo desenvolvido pela corretora de benefícios It´sSeg  Company, em 2023, corrobora com esse panorama. Os casos de colaboradores com transtornos psicológicos aumentaram em 20% em relação ao ano anterior, posicionando as doenças mentais como a segunda maior causa de afastamentos do trabalho, perdendo apenas para lesões corporais, como dores musculares e inflamações.

Para reduzir esse quadro, é fundamental que as corporações tracem estratégias que garantam o bem-estar emocional de seus subordinados, visando, assim, à própria sobrevivência da empresa. Ser feliz no trabalho faz toda a diferença nos resultados.

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postado em 04/10/2024 06:00
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