OPINIÃO

O lado bom da política

Existe um lado bom e inspirador da política. Basta olhar com mais cuidado e atenção

Eleições no Entorno: candidatos passaram por sabatina do Correio e da TV Brasília -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Eleições no Entorno: candidatos passaram por sabatina do Correio e da TV Brasília - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Na última semana, o Correio e a TV Brasília completaram uma série de sabatinas com candidatos à prefeitura de diversas cidades do Entorno do Distrito Federal, também conhecida como Região Metropolitana da capital. Foram 14 dias, ao longo de três semanas, em que tive a oportunidade de ouvir dezenas de candidatos defendendo propostas para os municípios de Águas Lindas, Luziânia, Valparaíso, Formosa, Planaltina e Novo Gama. Todos do Goiás.

Ao longo de tantas sabatinas, fiquei com a sensação de que pude me aproximar um pouco mais do que esses candidatos falaram (alguns veteranos, outros "políticos de primeira viagem"). Sinto como se tivesse percebido um outro lado do que a maioria dos brasileiros veem em relação a esses postulantes a um cargo público. 

Vale um voto de honestidade: nunca fui o mais afeito à política. Nunca me relacionei com qualquer movimento militante, tanto na adolescência nas ruas, quanto agora adulto nas redes sociais.

Semelhante à maioria dos brasileiros, minha relação com a política sempre foi mais superficial do que deveria ser. Leio as propostas de candidatos que trabalham com temas que julgo importantes — como a defesa da população LGBT (infelizmente, os candidatos que realmente trabalham com o assunto são raríssimos. Já concluo como positivo quem apenas citar o tema) —, decido meu voto, faço minha colinha e marco presença no dia da votação.

É muito pouco. Minha participação política deveria ser muito maior, sei. A verdade é que a endemia de corrupção no meio sempre me causou repulsa. Deixei ser levado pelos discursos de que "todos os políticos são ladrões". Uma grande inverdade, claro.

Também me afasta do tema a recente curva política que pende para o lado, cada vez mais latente, dos candidatos que preferem um verdadeiro surto de gritos e agressões físicas em detrimento do diálogo mais maduro. Minha teoria é de que as redes sociais mudaram o panorama das eleições no Brasil e no mundo — para pior.

De certa forma, a corrida pelos cargos democráticos se tornou uma corrida do aparecer a qualquer custo. Óbvio que ser visto sempre foi importante para os políticos, mas não a qualquer custo. O "falem bem ou falem mal, mas falem de mim" sempre foi relativo no meio político. Contudo, atualmente parece ter virado uma regra.

É exatamente aí que as sabatinas foram tão importantes: me mostraram um lugar mais maduro das eleições, um lugar em que a política é positiva. Em uma camada acima dos governos com orçamentos milionários, acima de toda essa loucura em busca de likes e seguidores, acima dos deboches e agressões entre candidatos. Lá em cima, ainda existe uma política inteligente.

Não foram todos, mas, durante essas sabatinas, pude perceber pessoas que, de fato, se preocupam com as cidades em que nasceram e criam os filhos. Que querem superar os enormes obstáculos que a região do Entorno enfrenta e que vislumbram um futuro melhor para a população por meio da política.  Existe um lado bom e inspirador da política. Basta olhar com mais cuidado e atenção.

 

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postado em 02/10/2024 06:00
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