Opinião

Visão do Correio: Alta incidência de doenças do coração no país preocupa

Não é por acaso que todo bebê nascido no Brasil faz, ou deveria fazer, o teste do coraçãozinho, geralmente realizado entre 24 e 48 horas após o parto

Responsáveis por 30% das mortes no país, os problemas cardiovasculares nem sempre (ou quase nunca) despertam preocupação entre os brasileiros. Mas deveriam ser motivo de mais atenção. Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, no Brasil, 45% dos adultos entre 30 e 79 anos são hipertensos, o equivalente a cerca de 51 milhões de pessoas, sendo que a média global é de 33%. Desse total, 62% são diagnosticados e apenas 33% têm a pressão arterial controlada.  

Não é somente a hipertensão a grande vilã, culpada por todos esses óbitos. A verdade é que os brasileiros em geral são relapsos com a saúde, bem ao estilo "deixa a vida me levar". Essa falta de cuidados  — e aqui incluem-se homens e mulheres de todas as faixas etárias, econômicas e sociais — contribui para o aumento dos casos de infarto e insuficiência cardíaca. Se formos contabilizar ainda os maus hábitos, como sedentarismo, consumo exacerbado de álcool, ansiedade e estresse, pode-se dar adeus ao coração saudável. 

Além de urgente, esse tema precisa fazer parte de nossas vidas desde o nascimento. Não é por acaso que todo bebê nascido no Brasil faz, ou deveria fazer, o teste do coraçãozinho, geralmente realizado entre 24 e 48 horas após o parto. Esse exame detecta qualquer malformação ou cardiopatias congênitas no coração do recém-nascido. Havendo quaisquer alterações, o bebê passa por exames mais aprofundados, como o eletrocardiograma.

Na fase adulta, monitorar a pressão arterial deve fazer parte da rotina. Os especialistas alertam, inclusive, para a observação de sintomas, como dores no peito, suor excessivo e falta de ar, especialmente no caso dos homens, e para dores nas costas, na mandíbula, náuseas, além de um cansaço extremo, no caso das mulheres. 

Um aspecto que tem despertado a curiosidade das pessoas é a relação entre as doenças do coração e a higiene bucal, momento em que medicina e odontologia se misturam. Doenças da gengiva aumentam o risco para ataques cardíacos ou derrames. Gengivite ou periodontite são porta de entrada para aterosclerose, arritmias, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.

 Segundo a American Heart Association, a inflamação crônica das gengivas pode estar associada ao aumento da pressão arterial e à doença arterial coronariana. Em alguns casos, bactérias decorrentes de procedimentos odontológicos podem causar infecção ou sangramento bucal e ir direto para a corrente sanguínea, alcançando as válvulas cardíacas ou outras estruturas do coração. Resultado: endocardite infecciosa.

Fato é que, se o brasileiro se preocupa pouco com a saúde geral, a saúde bucal não fica atrás. Medidas simples evitariam grande parte dos problemas cardiovasculares, mas poucos se habilitam a implantá-las. Alimentação equilibrada, atividade física, ida frequente ao dentista e um cuidado maior com a saúde mental fazem parte do combo para a longevidade.

 

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