EDITORIAL

Visão do Correio: Limpeza urbana e qualidade de vida

Crucial para o bem-estar em qualquer cidade, a limpeza urbana depende do compromisso dos cidadãos e do desenvolvimento de políticas eficientes sobre o tema

A limpeza urbana é um serviço essencial à população e está diretamente ligada à garantia da saúde pública e também à preservação ambiental. Crucial para o bem-estar em qualquer cidade, depende do compromisso dos cidadãos e do desenvolvimento de políticas eficientes sobre o tema.

De acordo com dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, o país produziu cerca de 81 milhões de toneladas de sedimentos em 2022. Segundo o levantamento, as prefeituras e o setor privado destinaram aproximadamente R$ 31 bilhões para recolher todo esse lixo, em ações que vão desde a varrição das ruas até a destinação final de todo o material.

O alto custo demonstra como o processo para manter um município limpo é complexo e envolve muitas atividades, além de fazer parte do direito de saneamento básico. Diante disso, muitas administrações enfrentam uma série de dificuldades para estabelecer um sistema que seja eficaz e caiba no orçamento.

Em localidades cada vez mais populosas, reduzir a poluição e promover um ambiente sustentável são desafios que exigem projetos conjugados e inovadores. Investir nessa área confere uma série de benefícios imediatos para as pessoas e, sem dúvida, contribui para um futuro melhor em nível coletivo.

A eficiência na gestão de resíduos é uma meta que as cidades brasileiras precisam buscar. Desenvolver programas de gerenciamento do que é descartado pela população ajuda, ainda, a solucionar um problema crônico no país: o volume enviado para os aterros sanitários, que, muitas vezes, não são estabelecidos seguindo as normas ideais, causando diversos impactos negativos.

A limpeza urbana também é determinante para reduzir a proliferação de doenças cujos vetores encontram no meio da sujeira um local propício para disseminação. Uma delas é a dengue, que nos primeiros seis meses deste ano contabilizou no Brasil 6.159.160 casos prováveis e 4.250 mortes, conforme o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde.

Até mesmo o atual cenário de mudanças climáticas precisa levar em consideração a limpeza urbana. O descarte de maneira incorreta e a poluição são causadores do desequilíbrio da natureza. Sem contar que em eventos extremos, como inundações e tempestades, as condutas erradas com os resíduos ficam potencializadas.

O ente público municipal tem a responsabilidade de cuidar desse quesito, já que está mais perto dos moradores. Em sequência, os governos estaduais e federal precisam participar, criando regras orientadoras e auxiliando com medidas de conscientização e criação de políticas abrangentes. Somente a gestão associada dessas três esferas pode possibilitar o alcance das soluções.

Para atender às necessidades das cidades, é também primordial que o manejo dos resíduos esteja de acordo com as particularidades de cada região, respeitando as características demográficas, sociais, econômicas e ambientais. Os gestores públicos precisam buscar esse conhecimento com especialistas capacitados para que as decisões produzam os resultados necessários.

Melhorar as condições de vida nas cidades brasileiras é uma operação com vários fatores. A limpeza urbana é um deles e, dessa forma, deve ser encarada como um serviço de ampla relevância. Resolver os problemas que se arrastam por décadas no país e instituir novas práticas precisam ser um compromisso da população e dos governos.

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