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Dorival Júnior é o menos culpado pelas barbeiragens da CBF depois da eliminação contra a Croácia na Copa do Mundo do Catar e o fim da era Tite

Há quem defenda a contratação de técnico estrangeiro para a Seleção Brasileira. Discordo neste momento. Dorival Júnior é o menos culpado pelas barbeiragens da CBF depois da eliminação contra a Croácia na Copa do Mundo do Catar e o fim da era Tite. O Brasil tem o terceiro treinador em 21 meses de ciclo para a Copa de 2026. Ramon Menezes e Fernando Diniz ficaram pelo caminho. Portanto, deixa o homem da vez trabalhar nos duelos contra Chile, Peru, Venezuela e Uruguai antes da virada do ano. Depois disso a gente conversa.

Jamais um treinador estrangeiro ganhou a Copa do Mundo. O austríaco Ernst Happel esteve muito perto de quebrar a escrita na campanha do vice da Holanda contra a Argentina, em 1978. Tabus à parte, o movimento pela entrega da prancheta verde-amarela a um profissional importado ganha força nas Eliminatórias, no Brasileirão, na Copa do Brasil e na Libertadores. Está difícil contra argumentar.

Das 10 seleções candidatas às seis vagas diretas para a Copa e a uma na repescagem internacional, sete são comandadas por argentinos. Lionel Scaloni lidera a maratona à frente dos atuais campeões da Copa do Mundo e bi da Copa América. A vice-líder Colômbia arranca suspiros sob a batuta de Néstor Lorenzo. O Uruguai surfa na onda de Marcelo "El Loco" Bielsa na terceira posição. O Equador curte a vibe de Sebastián Beccacece na quarta colocação. Dorival Júnior quebra a sequência em quinto. Liderada por Fernando Batista, a Venezuela encerra o bloco dos classificados se as Eliminatórias terminassem hoje. Não perca a conta: cinco técnicos hermanos!

O Paraguai disputaria a repescagem guiada por um técnico nascido na Argentina. Gustavo Alfaro despertou a seleção guarani na vitória por 1 x 0 contra o Brasil na última terça, no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção.

A pergunta é: qual técnico argentino está fora da zona de acesso à Copa? Ricardo Gareca, do Chile. Por sinal, o próximo adversário da Seleção, em Santiago. O país ocupa a vice-lanterna. Brasil, Bolívia e Peru não são escalados por técnicos da terra de Maradona.

A moda dos técnicos argentinos não é exclusividade das Eliminatórias Sul-Americanas. Vejamos a Copa do Brasil. Dois candidatos ao título nasceram no país vizinho. Ramón Díaz levou o Corinthians às semifinais. Gabriel Milito qualificou o Atlético-MG.

A classificação da Série A do Campeonato Brasileiro turbina o movimento por um técnico estrangeiro para a Seleção. Dos seis times posicionados no G-6, a alavanca de acesso à Libertadores, quatro são comandados por técnicos nascidos fora do país: os portugueses Artur Jorge (Botafogo) e Abel Ferreira (Palmeiras); e os argentinos Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza) e Luis Zubeldía (São Paulo). As exceções brasileiras são o ex-técnico da Seleção, Tite, do Flamengo, e Fernando Seabra (Cruzeiro). Há cinco meses, o responsável pela arrancada do time mineiro trabalhava nas categorias de base, no sub-20 do Red Bull Bragantino. Dos cinco clubes do pais remanescentes na Libertadores, três ostentam técnicos de fora do país.

As Eliminatórias, a Copa do Brasil, o Brasileirão e a Libertadores assinam o diagnóstico: a crise da escola brasileira de técnicos é gravíssima. 

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