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Operação Formosa 2024: imprescindível para a defesa da Nação

Todos os armamentos são utilizados, de forma intensa, simultânea e integrada, com munição real, marcando o profissionalismo das tropas

ROBERTO ROSSATTO — Vice-almirante (fuzileiro naval), comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra

Em setembro, as Forças Armadas realizam a tradicional Operação Formosa, o maior treinamento militar do Planalto Central. A poucos quilômetros do Distrito Federal, o Campo de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás, receberá mais de 3 mil militares, sendo 2.500 da Marinha do Brasil (MB), 600 do Exército Brasileiro (EB) e 70 da Força Aérea Brasileira (FAB). Esses militares atuarão de forma conjunta, simulando as diversas fases de uma operação anfíbia, considerada a mais complexa das operações militares.

Nos últimos 20 anos, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas têm atuado nas mais variadas atividades previstas em leis, como as operações de apoio à Defesa Civil, no Rio Grande do Sul, na Baixada Fluminense, no Litoral Norte de São Paulo e em Petrópolis; a Operação Covid-19, que chegou a mobilizar diariamente mais de 34.000 militares; as operações de paz, no Haiti e no Líbano, e a Operação Acolhida, na fronteira com a Venezuela; além de grande quantidade de operações de garantia da lei e da ordem (GLO).

Além disso, foram realizadas inúmeras outras ações sociais e humanitárias, de apoio ao desenvolvimento, atendimento de saúde às populações mais remotas, transporte de órgãos e combate a crimes transnacionais. Atividades realizadas constantemente nos mais longínquos rincões do Brasil, onde o braço do Estado só consegue alcançar, por meio das suas Forças Armadas.

No entanto, apesar da relevância de todas essas atividades, a principal atribuição constitucional das Forças Armadas é a defesa da Pátria. O preparo conjunto da MB, EB e FAB para o desempenho de tal missão é crucial e deve ser fomentado continuamente. Neste contexto, a realização da Operação Formosa 2024 representa, juntamente com outros treinamentos anuais conjuntos, um compromisso das Forças Armadas brasileiras com a nação. Uma pronta resposta de que essas instituições militares devem estar sempre treinadas e bem equipadas para exercerem suas atividades-fim de defesa da nossa soberania.

A Operação Formosa, realizada desde 1988, pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil, completa 36 anos de existência. Nos últimos anos, sua importância vem aumentando significativamente, tanto no cenário nacional, como no internacional. Desde 2021, o exercício passou a contar com uma expressiva fase conjunta, com crescente participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.

Além disso, a qualidade do treinamento realizado vem alcançando forte repercussão internacional. Para este ano, já estão confirmadas as presenças de representantes de 12 países, incluindo África do Sul, Argentina, China, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México, Nigéria, Paquistão e República do Congo. Para o CFN, a Operação Formosa sempre teve importância vital.

De acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END), o CFN, como parcela intrínseca da Marinha, constitui força estratégica, de caráter anfíbio e expedicionário, deve permanecer em permanente condição de pronto emprego, de modo a ser desdobrado onde ditarem os interesses nacionais. Em 2022, sua Força de Reação Rápida foi certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como nível 3 de prontidão para as Operações de Paz, o mais elevado nível operacional para aquela organização, tornando-se assim a primeira do País a atingir tal certificação, sendo atualmente a única disponível no mundo.

Uma das mais importantes características da Operação Formosa é justamente o realismo do treinamento. Todos os armamentos são utilizados, de forma intensa, simultânea e integrada, com munição real, marcando o profissionalismo das tropas.

Podem ser observados, de perto, o emprego de carros de combate (disparando com seus canhões), veículos blindados e Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) (efetuando disparos de metralhadoras e lança granadas), aviões e helicópteros (lançando bombas e atirando com metralhadoras), Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), obuseiros de artilharia, Lançadores Múltiplos de Foguetes Astros, infiltração de paraquedistas, montagem de Unidade Avançada de Trauma (UAT) com telemedicina, posto de descontaminação Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), laboratório móvel de detecção de agentes químicos, dentre outros meios de combate, deslocados do Rio de Janeiro, percorrendo mais de 1.400 km.

Assim, a Operação Formosa 2024 permitirá treinar os militares das três Forças Armadas brasileiras no emprego combinado de armas, manobras táticas, fogos de artilharia e operações aéreas e especiais, contribuindo fortemente para a interoperabilidade entre as forças e assegurando sempre o melhor preparo para a defesa do nosso país.

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