Artigo

A leveza da vida

Lidar com as adversidades, as surpresas, os contratempos e as maldades humanas não é para fracos, tem de ser guerreiro

Leveza da vida -  (crédito: Valdo Virgo)
Leveza da vida - (crédito: Valdo Virgo)

Um desafio diário, sem fórmula nem receita, e que cada um deve encontrar seu método. O meu é buscar dar o peso devido para os fatos e desviar o caminho para ir onde me dá vontade

Definitivamente viver é um desafio, inclusive, para quem veio a passeio. Lidar com as adversidades, as surpresas, os contratempos e as maldades humanas não é para fracos, tem de ser guerreiro. Entre uma conversa aqui e outra ali, é impossível deixar de observar que todo mundo está cercado de problemas e questões de difícil solução. A pergunta que fica é como administrar essa equação mantendo a leveza da vida?

Cada um que eu encontro tem uma solução bem pessoal e quase única. Um diz que canta e dança sozinho; outro ouve as músicas que mais gosta também solitariamente; há quem malhe, faça esporte, viaje, vá ao shopping e cozinhe...Ah! Há, ainda, os que amam joguinhos eletrônicos, filmes e séries. E, quem ainda não se encontrou?

Sim, estou nesse grupo dos que buscam em algum lugar esse apoio. Já pensei em tudo, mas veja bem, sou nada talentosa para artes, então risco música e dança. Completamente inábil par esportes, portanto retira o outro item. Adoraria viajar e passear, mas o momento não me permite. Não tenho esse prazer todo em fazer compras e, cozinhar me alegra e ponto, apenas. Amo cinema e séries, mas não em um nível tal de me distrair por completo.

Perfeito. Você deve estar se perguntando: "Está difícil, hein, amiga?". Eu momento algum eu disse que era fácil? Por essas e outras que adotei, momentaneamente, algumas alternativas para suavizar meu dia a dia e me dar alguma leveza. Resolvi que cada problema deve ter seu devido peso, sem aumentar aqui ou acolá.

Também desvio meu caminho a cada vontade que tenho: se estou indo para casa e vejo a Pizzaria Dom Bosco, paro, desço e como uma fatia com meu mate superdoce. Encontrei dia desses no supermercado uma velha amiga que não via há séculos, ao invés de dizer "estou com pressa", resolvi ouvi-la e conversar um pouco, no tempo dela. Assim, tenho feito.

Começo a acreditar que, talvez, coloco aí o direito à dúvida, a leveza tão desejada da vida não esteja no suporte - música, esporte, gastronomia e prazeres outros. Mas dentro de nós mesmos. Será que há necessidade de correr tanto? De ter tanta pressa? Dormir tão pouco? Comer qualquer coisa? Adiar os encontros e conversas com pessoas queridas porque há outras prioridades?

Em pouco mais de um mês, vou arredondar a minha idade. Sou do tipo que não gosta de envelhecer, rejeito a eterna jovem, mas também rechaço a senhora que mora em mim. Esse conflito todo me obriga a enxergar a vida como ela se apresenta: já andou bastante, mas há ainda uma caminhada razoável pela frente. Ou seja: sempre é tempo de mudar e melhorar o que não está bacana.

Como boa parte das pessoas, gosto pouco — ou quase nada — de ouvir críticas. Já tentei - e sigo nessa toada - evita-las. Mas incrivelmente elas esbarram em mim. Diante do impossível, parei de resistir. Se elas vêm, ouço, verifico o que corresponde ao que acredito ser real. Se proceder, mudo, sem problemas. Caso contrário, respiro, controlo meus ímpetos e sigo em frente. Não vou permitir que esses movimentos alheios à minha própria vontade atrapalhem meu esforço para abrandar a dureza da vida.

 

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postado em 30/09/2024 06:00 / atualizado em 30/09/2024 06:00
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