As justificativas são sempre as mesmas. Um ataque preventivo para impedir um atentado terrorista contra a população. Uma operação contra um grupo extremista que, supostamente, transforma civis em escudos humanos e guarda armamentos em residências, creches, hospitais e escolas. Os resultados também são sempre os mesmos: morticínio, horror, pânico e ódio. Os bombardeios israelenses no sul e no leste do Líbano, na última segunda-feira, deixaram 492 mortos em menos de 24 horas. Entre as vítimas, estão 35 crianças e cerca de 80 mulheres.
O método utilizado pelas forças de Israel segue a tática vista na Faixa de Gaza: advertências para que a população fuja de determinada região e, depois, uma sucessão de bombardeios. A autodefesa de uma nação não serve de licença para cometer massacres, nem a isenta da responsabilização. O que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem feito na Faixa de Gaza e, agora, no Líbano, é absurdo, vergonhoso, dantesco. Assim como foi dantesco o massacre de 7 de outubro de 2023, no sul de Israel.
Israel não tem licença para matar. Muito menos impor a uma população inteira uma punição coletiva por aquilo que não lhe cabe. Castigar os palestinos pelos crimes atrozes do Hamas e sentenciar às bombas os libaneses pela existência do Hezbollah são ações que fogem de qualquer parâmetro de bom senso. Na Faixa de Gaza, são quase 50 mil mortos em 354 dias — é como se 141 palestinos fossem assassinados a cada 24 horas. Querer fazer acreditar que todas essas vítimas eram militantes do Hamas é chamar qualquer pessoa de ignorante.
Há quem diga que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, precisa da guerra para a sua sobrevivência política. É fato que o massacre de 7 de outubro escancarou uma falha absurda de inteligência. Era dever de Netanyahu e de seu aparato militar proteger a própria população. Depois que as armas silenciarem e o mínimo de razão voltar à mesa, o premiê terá que pagar por seus erros. Não apenas por fracassar em evitar o atentado terrorista sem precedentes em Israel, mas também em não conseguir a libertação dos civis e militares sequestrados pelo grupo extremista Hamas.
A comunidade internacional tem o dever moral de deter a sanha bélica de Israel no Oriente Médio. É pavoroso que países autodeclarados bastiões dos direitos civis, como os Estados Unidos, respaldem matanças na Faixa de Gaza e no Líbano por não desejarem colocar em risco uma aliança histórica e lucrativa. Há quase um ano, Israel invadiu a Faixa de Gaza para cometer crimes, a fim de punir outro crime absurdo. Nesta semana, começou a bombardear o Líbano para "evitar" uma ação da milícia xiita Hezbollah. Quem será o próximo?
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